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Romeu e Julieta

Já era shakespeariana a, primeira incursão de Franco Zeffirelli, como diretor, através de A Megera Domada, protagonizada pelo duo Lyz-Burton. Antes, além das atividades teatrais, êle fôra assistente de Visconti em três filmes: La Terra Trema, Belíssima e Senso.
Agora, mais uma versão de Romeu e Julieta, entre tantas que o cinema apresentou, seja como transposição direta da peça de Shakespeare ou modernização do tema. E apesar de uma ou outra restriçao, não deixa de ser um êxito a sua incursão, com um espetáculo vibrante, dinâmico em têrmos de línguagem motovisual e sonora e onde a natural submissão à obra teatral apenas afeta determinados lances acessórios, mas, nunca o ritmo básico estruturado para a tragédia.
Os cuidados de produção, a intimidade do realizador com a peça, em muito ajudaram para conferir densidade àquilo que poderia se resumir em mais uma fita baseada em Shakespeare. A começar pela escolha muito feliz dos dois protagonistas, Leonard Whiting (Romeu) e Olivia Hussey (Julieta). À eficácia da interpretação, junta-se, no caso, o cumprimento de uma exigência difícil para uma tragédia como essa: o físico adequado ao papel. Ao interpretarem esta realização tinham, respectivamente, 17 e 16 anos de idade. E sofreram uma autenticidade mais do que satisfatória aos seus papéis, com o suporte do encanto da presença física. Em parelelo, o cheiro da época, a destreza -dos protagonistas e coadjuvantes em formularem um comportamento verossímil para o período onde se desenrola a história, com o abandono da rigidez dos moldes clássicos de concepção da obra de Shakespeare, sem cairmos no vazio estridente de uma espécie de neuronaturalismo que assola algumas tendências modernistas. As cenas de rua estão excelentes, ganhando destaque, na fita, aquêle longo trecho que vai desde a mútua provocação e duelo entre Teobaldo e Mercuccio, até a morte dêste, e a consequente luta entre Romeu e Teobaldo com uma virulência admiravelmente orquestrada pelos movimentos dos atores concatenado com aquêles da câmara.
Esta produção de Zeffirelli, a nosso ver, supera as outras duas principais até então existentes, abordando a peça isto é, o Romeu e Julieta, de George Cukor, e o de Renato Castellani. E é interessante notar que Zeffirelli se apresenta liberto de maiores influências de Visconti; conferindo, ao filme, uma desenvoltura bem distanciada dos refinamentos do diretor de Senso. Trata-se de outro caminho - sucedido - que nos trás Shakespeare como algo tátil, envolvente, e não apenas como uma invocação histórica e cultural.

Correio da Manhã
12/08/1969

 
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