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Rachel Rachel

A estréia de Paul Newman, como cineasta, apesar dos encômios de grande parte da crítica, é das mais infelizes. Há vinte e cinco anos, antes de Kazan, antes da descontração do sistema produtor frente ao aparelho de censura, a história e o seu tratamento ainda poderiam oferecer alguma graça. Hoje em dia, Rachel Rachel se caracteriza como um filme repisante, redundante, reiterante, onde o esfôrço de focalizar a situação da protagonista, mediante a técnica do realismo intimista, esbarra logo na monotonia.
Rachel (Joanne Woodward) tem trinta e cinco anos de idade. Seu pai, que era dono da agência funerária, em cima da qual ela habita com a sua mãe, morreu há quatorze anos e, desde então, a solteirona viceja insipidamente na cidade do interior. É professôra numa escola primária e não tem homem. Nos centros urbanos, isto não é problema, porém na província impera a gossip. A companhia da mãe é mais um lastro para a neurose. A sua melhor (ou única) amiga, Calla Mackie (Estelle Parsons, em boa interpretação), vítima também de idêntico mal (agravado pela feiúra), chega a tentar uma ligação lésbica, imediatamente repudiada por Rachel. Afinal, vem um homem que lhe proporciona o almejado sexo, banhado em ilusão - o futuro casamento etc. etc. No meio de tudo, ela é atacada por um desvario neurótico durante uma sessão religiosa no tabernáculo da cidade. No final, passada á ilusão, a ameaça de gravidez, ela resolve mudar de vida e cidade.
E daí? O cinema não tem nada com isto. Temas como o do presente filme já foram vistos na tela, às dezenas. E muita coisa melhor já saiu. A direção de Paul Newman (que deixou a interpretação apenas para a sua mulher, Joanne Woodward) é melancolicamente quadrada. Nada move, nem comove. O ritmo das imagens, o critério de montagem, não instigam. A fotografia de Gayne Rescher traduz um esfôrço limitado pela própria falta de imaginação.
Poder-se-ia dizer que os intérpretes se salvam. Que Joanne Woodward (embora ameaçando a todo momento os tiques de doença-de-são-guido) está bem, como sempre, dosando o desempenho com o mínimo de autenticidade requerido. Que Estelle Parsons, como a amiga Calla, tem uma aparição de mérito, sabendo equilibrar os aspectos dramáticos e caricatos do seu papel. Que James Olson, como Nick, garante a verossimilhança à conduta do homem que quer cama, porém não quer casa (pelo menos com Rachel). Mas trata-se de dados secundários, o cinema não é a arte da representação. E daí?, o fracasso.

Correio da Manhã
26/08/1969

 
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