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A Feiticeira do Amor

Damiano Damiani realizou, há alguns anos, uma fita interessante, O Batom. Agora, A Feiticeira do Amor (La Strega in Amore), baseado num romance de Carlos Fuentes, Aura, se constitui num espetáculo sem grande interêsse, a não ser a presença de Rossana Schiaffino. Mesmo assim, o propalado strip-tease dela não oferece maiores lances de sensação, apesar da tentativa de originalidade, consubstanciada no fato de Richard Johnson ir desabotoando-a com a bôca.
A modalidade de espetáculos vinculados à temática de magia, ocultismo & congêneres vem ganhando maior impulso atualmente. Aliás, não confere privilégio ao cinema. Há uma farta literatura, ensaística ou de ficção, em tôrno do assunto, parece que submetida ao condicionamento geral do homem face ao avanço galopante da ciência nos dias de hoje, isto é, forma-se a contradição: a abertura diuturna de horizontes inesperados provoca a abertura mística, com a consequente destruição de um racionalismo que ficou superado pelos eventos. Mas, com relação ao cinema, na faixa de agora nada ainda superou Rosemary's Baby, de Polanski.
A Feiticeira do Amor, até certo ponto, oferece semelhanças com a fita do polonês: feitiçaria dentro de imenso palacete em plena cidade civilizada. Param aí as similitudes. Damiano Damiani envida criar atmosfera, mas cede, pelo menos em dois terços da fita, à hegemonia dos diálogos extremamente lineares, inclusive cansativos. Misturado à magia e à fantasia, o entrecho obtém, em paralelo, uma determinada batida kafkiana em rnatéria de ambiente: uma enorme biblioteca, empoeirada, um homem girando por ali, semi-alienado; a emitir frases sem sentido. Depois, saber-se-á que é vítima da feiticeira.
Para que o entrecho em foco ganhasse autenticidade e convincência seria necessário mais rigor na construção das sequências, maior aprimoramento de detalhes e até aquela sensação de "horror" a ser transferida ao público, sensação esta que dispensa, em primeira mão, detalhes gratuitos e todo um macaquear convulsivo dos intérpretes. No trecho final, a partir do momento em, que o protagonista, embora fascinado pela mulher, toma conhecimento de estar imerso num universo paranormal, o ritmo usufrui de maior agilidade, a câmara começa a tentar um dinamismo até então esquecido. Porém, insuficiente para trazer boa dose de sangue nôvo.
Resta a presença de Rossana Schiaffino, sempre um acontecimento erótico, um deleite ao largo do fracasso do filme.

Correio da Manhã
11/06/1969

 
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