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Cine-espetáculo

Já há alguns anos, Claude Lévy-Strauss, em entrevista ao Cahiers du Cinéma, disse que o grande caminho do filme, sua tendência lógica, era o espetáculo. Imaginou mesmo a sua aliança com a ópera, quando então, aduzimos nós, o problema aleatório do nível de performance estaria elidido (se alguém, por exemplo, desafinar no palco de filmagem o diretor corta e repete a cena); Lévy-Strauss, coerente até com o estruturalismo, disse que o ideal seria a presença de intérpretes vistosos e eficientes, dublados pelos cantores. Isto até nos faz lembrar a analogia com aquilo que Rostand imaginou para Cyrano de Pergerac, cuja infelicidade nasal foi a de ter vivido antes da época do dr.Pitangui.
Não precisou de recorrer às lentes do intelectualismo a fim de discernir o óbvio. O cinema é chamado de sétima arte, mas a sua raiz. ao cantrário das outras, funda-se na indústria e, não, no artesanato. Em decorrência, o seu desenvolvimento material, de recursos de expressão, vem imediatamente condicionado à evolução tecnológica - que é sua essência. Máquina e reprodutibilidade. Ora, com tudo isso, a sua capacidade de gerar efeitos, como forma de criação industrial, torna-se extremamente mais ampla do que as outras manifestações estéticas, ainda sob o crivo do corpo-a-corpo com a obra.
Com relação a tanto, é perfeitantente acadêmico meditar se, apesar do poderio técnico, um filme pode ser mais "profundo" do que um livro de Proust ou de Henry James. Mesmo porque, se formos pensar em profundidade, em têrmos concretos e não apenas convencionais, teremos também de pensar em extensão. Muitas coisas pretensamente profundas podem cair na superficialidade. Outras, aparentemente lúdicas podem ocasionar as considerações filosóficas ou metafísicas das mais complexas.
O espetáculo, o show de formas, diz respeito à extensão, amplitude. O que é invenção e experimento, no cinema (de resto, em qualquer modalidade de criação), refere-se a um problema de linguagem e visa ao impacto da informação (no caso, estética). Esta, por seu turno, fica vinculada à potência de efeitos. O tema, a profundidade do assunto, é mero leitmotiv e, nunca, a meta da expressão.
Como o condicionamento industrial atua incessantemente sôbre a técnica - isto é, novos materiais trazendo, em conseqüência, novos recursos de linguagem (dimensão de tela, efeitos cromáticos, sonoros etc.) - as teorias cinematográficas possuem existência curta. Basta, sem qualquer distinção de qualidade, notar o que era o cinema de Griffith e o que é o de Godard, num interregno de cêrca de apenas quarenta anos, para se perceber a intensa heterogeneidade de elementos. Morre um estilo, nasce outro, enterra-se uma tendência, batiza-se outra, mas o processo do espetáculo é imutável no crescendo e imtensificação. E não adilanta brigar com o processo, nem com o sentido do jôgo, que, alias, é a razão de ser de qualquer obra de arte.

Correio da Manhã
24/11/1970

 
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Jornal do Brasil 24/03/1957

Ingmar Bergman - VI (conclusão)
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