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Quelé do Pajeú

Quelé do Pajeú é o primeiro filme nacional com projeção em 70 milímetros. Isto, por si só, já constitui dado positivo, a conquista de mais uma etapa técnica, mormente levando-se em conta a constatação óbiva: quanto maior a tela, melhor o filme. E é também por aí que se pode começar a elogiar a realização em si, chamando a atenção para a boa utilização dos 70mm mediante a cinegrafia de José Rosa, em noção functional de jogar com os espaços e figuras em movimento, consoante a tradição do cinema Americano.
A realização desse filme foi uma verdadeira odisséia, ao fim bem sucedida, embora se possa sentir que o rendimento geral do espetáculo melhor ainda seria, não só com a supressão de algumas passagens desnecessárias em favor do dinamismo rítmico, como em decorrência do teor extremamente literário dos diealogos, que falsifica inutilmente determinadas cenas – pois, afinal, trata-se de filme mais de aventuras do que propriamente dramático. Lima Barreto é o autor da história original e fez o primeiro roteiro, depois alterado por Anselmo Duarte, que dirigiu a fita. Se Anselmo não reedita o nível alto de
O Pagador de Promessas e Absolutamente Certo! consegue, no entanto, no perde-ganha das sequências, proporcionar um bom espetáculo, bem superior à maioria dos westerns que, aqui, arribam. Logo a sequência inicial do estupro evidencia o pulso do realizador, inclusice com o ótimo achado de montagem em paralelismo, com as cenas do homem cercando e violentando a menina, entremeadas comas de Quelé conduzindo o gado. As imagens saltitam funcionalmente desde o primeiro plano, onde a câmera, no lugar do viajante a cavalo, oscila enquento focaliza a mãe e a filha na porta da casa.
A história da vingança e do vingador. Quelé, em sua peregrinação em busca do homem que violou a irmã. Durante sua busca obstinada, mete-se em diversas situações e acaba por encontrar os cangaceiros de Lampião. Também aquela que, de tanto insistir, viria a se tornar sua mulher. Cavalgadas, lutas, tiros, algumas tomadas arrojadas, a cor bem usada. A sequêncua do cerco à casa e do tiroteio com os soldados é bem feira, apesar de algo demorada. E o lance final, quando cada
shot, em cor diferente, corresponde a um tiro, se consiste em apreciável chave de ouro.
O elenco é facilmente dominado por Jece Valadão, embora seu papel seja secundário. Tarcísio Meira, a princípio, assusta, mas, depois, acaba ficando convincente apesar dos exageros. Rossana Ghessa não chega a comprometer num papel pouco adequado; Sérgio Hingst é um padre com pouca cor local e o Lampião é Luiz Alberto Meirelles, bem.
Quelé do Pajeú representa outro salto do cinema brasileiro, como produto de um desenvolvimento industrial necessário. Pode ser visto tranquilamente pelo público em geral, como diversão, ou pelos cinestetas, que terão o que observar no sentido positivo.

Correio da Manhã
04/03/1970

 
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