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Na solidão do desejo

Na Solidão do Desejo (The Sergeant) é baseado num livro de Dennis Murphy, que se encarregou do próprio roteiro. Sem ser uma obra marcante, constitui exemplo vivo da nocão de continuidade fílmica, da elaboração do crescendo dramático, enfim, um estudo do comportamento apoiado na interpretação inesquecivel de um grande ator: Rod Steiger, aqui na sua maior criação. Insuperável nas menores nuanças do seu papel, desfecha relances de expressividade facial, shots que poderiam entrar na galeria dos grandes retratistas.
O assunto - homossexualismo - é hoje abordado já livre e fartamente pelo cinema americano, especialmente em sua fixação neurótica. Aqui, em
The Sergeant, não se trata do homossexualismo acadêmico ou britânico, tipo wildiano, nem, evidentemente, modêlo Cinelândia. Ninguém anda com cabelo empoado de verde, puxando tartaruga pela coleira. Nada senão o exame de uma conduta auto-repressora de quem procura substituir os arrancos de afetividade e que, no desespêro da solidão, vai às últimas conseqüencias. Como muitos homossexuais, embora não-realizado, o sargento (Steiger) parte para o esteticismo. Não aquêle direto, da arte, mas onde, assim como a mesma arte, há implicância de organização - ordem - pois estamos no Exército. A busca de perfeição que projeta para o mundo exterior, a fim de conciliar seu conflito interior, leva o protagonista aos maiores requintes de hierarquia, autoritarismo; limpeza, eficiência, apesar de administrar uma modesta unidade de abastecimento situada nos arredores de Paris. Ao desprêzo à mulher, a qual compara com a sua fraqueza inconfessa, à fixação no rapaz esbelto (John Philip Law, inacreditavelmente, sem estar canastrão), até o espoucar da tragédia. Filme admiravelmente bem dirigido, principalmente no uso dos atôres. Não conheciamos o realizador John Flynn, mas, por detrás dêles, pode e deve ter-se manifestado o dedo de um gigante: Robert Wise, que é o produtor da fita. Dêste último seria válido reconhecer quase tudo na fita, desde a ótima seqüência inicial, antes dos letreiros, como o recurso das viragens, quando o sargento Callan persegue o soldado alemão, quase um menino, e o estrangula na mata, abraçado com êle e já com a expressão da culpa que o marcará doravante no desenrolar do entrecho. Fotografta muito boa de Henri Persin, com a predombiância de cores mortas, frias.

Correio da Manhã
28/01/1970

 
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