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A defesa do castelo

Castle Keep constitui um dos filmes mais estranhos da última safra em exibição. Não é bem um filme sôbre a guerra - quase ao contrário, a guerra se consiste em pretexto ou leit-motiv para um exercício alegórico, dotado de pitadas surrealistas. Isto, desde as primeiras imagens antes da chegada dos créditos. Em contraste com os soldados sujos, dentro do jeep, um cavaleiro aristocrático e uma mulher de manto amarelo, também a passar no seu corcel. Idade Média? Sim - o castelo onde os guerreiros de hoje se alojaram é medieval, cheio de obras de arte. O amor do major (Burt Lancaster) pela jovem, mulher do dono do castelo (Astrid Heren, uma das revelações mais bonitas de mulher nestes anos) é de índole medieval, cavalheiresca, épica.
O diretor, Sidney Pollack, é amigo de John Frakenheimer e trabalhou algum tempo na televisão. Sua filmografia, até então, incluía
The Slender Thread, filme de suspense com Sidney Poitier e Anne Bancroft, This Property is Condemned, com Nathalie Wood e Robert Redford, The Scalphunters, fita até certo ponto divertida com o mesmo Burt Lancaster, e, enfim, êste Castle Keep. O caráter insólito do entrecho deve provir do romance de William Eastlake, no qual baseou-se o roteiro da fita. Também reforçado pelo tratamento visual do fotógrafo Henri Decae, às vêzes, pela música de Michel Legrand (um dos principais colaboradores na carreira de Jean-Luc Godard).
Se o filme conserva o aspecto "literário", deve-se reconhecer o êxito indubitável do diretor na construção ou ambientação de várias cenas. Nas mãos de um inapetente,
A Defesa do Castelo seria algo insuportável. Aqui, apesar da desigualdade, consegue manter um mínimo de interêsse, a começar pela estesia puramente visual, o ótimo uso da côr. Ressalte-se; em paralelo, que a batalha final, quando os alemães encetam a tomada do castelo medieval, ganha foros antológicos em inúmeras passagens, mormente aquela onde o major Falconer, já praticamente solitário, descarrega a metralhadora no inimigo e, na montagem também metralhante, superpõem-se imagens da memória e do passado, até que o pôsto da tôrre explode e a tela fica em branco - uma explosão branca, como raramente se via no cinema - a fôlha em branco do vazio. Valem também os momentos tomados do etéreo surrealista, em que os soldados visitam o bordel da cidade, tudo em tom avermelhado, as meretrizes comandadas pela veterana Caterina Boratto. Ou quando as mesmas prostitutas enfrentam os tanques nazistas com as garrafas de bebidas cheias de gasolina, e os próprios tanques, aldrichianos (remember Morte sem Glória) avançam sôbre as pessoas.
Nos papéis principais, Burt Lancaster consegue manter o nível, sem grande esfôrço. Patrick O'Neal, despojado de sua batida bondiana, é o capitão do Exército, também um historiador de estética. Jean-Pierre Aumont, veterano de outras glórias filmográficas, está quadrado. E Astrid Heeren merece que o seu nôme, desde já, seja guardado.

Correio da Manhã
21/06/1970

 
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