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Inferno no Pacífico

O diretor John Boorman, com À Queima-Roupa (Point Blank), deu a impressão de ser a melhor revelação dos últimos anos, quase à altura daquela de Kubrick, quando surgiu com A Morte Passou por Perto e O Grande Golpe. E, há pouco, com o seu Leo the Last, ganhou o grande prêmio de direção em Cannes.
Hell in the Pacific propunha-se como tour de force para um realizador no cinema: apenas dois intérpretes (embora do porte de Lee Marvin e Toshiro Mifune) em mano-a-mano numa ilha do Pacífico, durante mais de duas horas de projeção. O resultado é mais do que satisfatório, embora evidentemente inferior ao impacto de À Queima-Roupa. Inexiste a pesquisa inventiva. Boorman quis expor uma concepcão filosófica, óbvia, generalizante, apesar de proposta em têrmos puramente cinematográficos, ou seja, jamais coloca qualquer pensamento na bôca dos personagens. Êstes - dois oficiais, um americano, outro japonês - caídos durante a Guerra na ilhota do Pacífico, inexplorada, inabitada, chegam naturalmente ao comportamento quase primitivo: de início lutam entre si, depois se confraternizam na luta conjunta para sair do lugar e, após chegarem com a jangada na outra ilha, já destruída pela guerra, são amigos. Mas começa a discussão, Boorman faz profissão de fé de seu ateísmo, com Marvin gritando "God God God" enquanto Mifune folheia um Life cheio de fotos de soldados japonêses chacinados, reinicia-se a guerra dos dois e tudo explode. O velho chavão: a humanidade não tem salvação, os homens não se entendem e tendem para a destruição e autodestruição.
Algumas sequencias são muito boas, graças inclusive ao valioso apoio da fotografia de Conrad Hall e ao acompanhamento musical de Lalo Schiffrin, entremeadas com determinadas passagens ligeiramente monótonas, mas que não chegam a prejudicar gravemente a fluência do ritmo. Destaca-se em especial aquêle trecho inteiro, ainda na parte inicial da fita, onde o japones e o ianque, em mútua emboscada, se procuram dentro da mata, ora em rushes rápidos das imagens, ora no lento ofegar funcionar, tudo sob excelentes efeitos plásticos.
Tanto Toshiro Mifune, quanto Lee Marvin, apresentam interpretações muito boas. Com relação ao filme em si, se não traduz um esfôrço de Boorman para atuar sôbre os elementos da linguagem do filme ou a luta pela invenção (que, dêle, era lícito esperar), representa uma demonstraçao da segurança e maturidade de um cineasta - fatôres que, amiúde, requerem muitos anos de experiência para se firmar.

Correio da Manhã
19/06/1970

 
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