The File of the Golden Goose tem, como diretor, o ator Sam Wanamaker. Muitos podem se lembrar dêle em Give Us This Day, The Criminal, O Espião Que Saiu do Frio etc. Atua bastante no teatro, também como metteur-en-scène. Foi vítima do macartismo, na época onde entre outros, também foram "espremidos" Dmytryk, Losey, Brecht, Kazan, Dalton Tumbo, Michael Wilson e Abraham Polonsky.
Aqui, em Dólares de Sangue, apesar de suas declarações pretenciosas no sentido de que iria perfazer a junção de ações intensas, com o estilo documentário, estamos diante de uma fita meramente comercial. O que se chama de parte documental ocorre apenas - e de modo primário - no início da fita, até o momento do assassinato da namorada de Yul Brynner. O resto se resume num filme policial comum, embora com um nível de recreação bastante razoável. A história gira em tôrno de falsificação de notas, mercê da atuação de uma quadrilha equipadíssima, com rêde espraiada em inúmeras cidades do mundo: Londres, Nova York, Nápoles etc. Yul faz o papel de Novak, o agente policial que se instala em Londres a fim de seguir algumas pistas dos falsificadores. Daí, desenrola-se o cabedal de tiroteios, murros, portas arrombadas, enfim os ingredientes da praxe, manejados com um certo cuidado sintático, mas sem qualquer nota de originalidade ou qualquer desejo de ir além do bom comportamento artesanal, administrativo.
De qualquer modo, reconheça-se o suporte de alguns elementos de produção. A fotografia de Ken Hodges, por exemplo, mantém-se em nível apreciável, com alguns lances de interêsse. Com a exceção de Yul Brynner (como sempre, incorrigível), o restante do elenco porta-se com eficácia, especialmente Charles Gray, John Barrie e Karel Stepanek. E determinadas seqüências, se não oferecem nada de especial, garantem, pelo menos, graças à violência, sexo, sofisticação, o fluxo razoável de recreação.
De Sam Wanamaker, devido ao seu retrospecto, podia-se esperar mais. Dólares de Sangue, pelo visto, foi-lhe apenas isto mesmo: dólares no bôlso, sem, além do sangue, o suor e as lágrimas do criador.
Correio da Manhã
31/05/1970