Daqui há pouco, estará cheganda o penúltimo filme do inesgotável Hitchcock, Topaz, extraído da obra de León Uris; tendo, no elenco Frederick Stafford, John Forsythe e, à frente do naipe feminino, a já veterana Dany Robin: é Claude Jade, que brilhou recentemente em Baisers Volés, de Truffaut.
Embora contendo alguns dos achados típicos do mestre o seu último filme aqui exibido, A Cortina Rasgada (The Torn Curtain) foi algo decepcionante, porém, nunca, sinal de decadência. Antes dêstes, êle havia desferido uma seqüência de realizações que - por si só - fariam a glória de qualquer cineasta: O Homem Errado (The Wrong Man), Um Corpo que Cai (Vertigo), este já, rigorosamente, um clássico do cinema, Intriga lnternacional (North by Northwest), o fabuloso Psicose (Psycho), Os Pássaros (The Birds), outro clássico absoluto e o fascinante Marnie.
Há, pois, muito que esperar de Topaz, sob a chancela hitchcokiana, daquele que é, senão o descobridor, o principal formulador do verdadeiro "gênero por excelência" do cinema, que é o thriller e, não, o western. O susto, as sensações, o suspense são fatôres eminentemente cinematográficos - impossível tal catarse em outra forma de expressão. Mas, êle não é só isso. Um notável diretor de atôres. E além da concepção estrutural, inventor de seqüências imortais: basta lembrar o assassinato visto pelas lentes dos óculos da vitima, em Pacto Sinistro, o assassinato da mulher no chuveiro (Janet Leigh), em Psicose, o ataque dos pássaros à cabina telefônica, em The Birds, a perseguição do homem pelo avião, em Intriga Internacional ou a divagação com sonata para tempos mortos, de Bernard Herrmann, no fluir da sequencia com James Stewart, girando com o carro, em Vertigo. Hitch é sempre alta voltagem: o espectador não desliga.
Correio da Manhã
20/01/1970