Beijos Roubados - a agilidade, o ritmo leve, descontraído. É a agilidade do personagem de Jean-Pierre Léaud, e é a agilidade do cineasta François Truffaut, revivendo o espírito de Chaplin, Buster Keaton e Jean Vigo, nesse terceiro episódio de sua cinebiografia espiritual (os dois primeiros foram Os Incompreendidos, seu filme de estréia, e o episódio francês de O Amor aos 20 anos). Entre um & outro, Truffaut realizou um dos maiores filmes do cinema: Uma Mulher para Dois, com Jeanne Moreau. E retorna, agora, fazendo o seu personagem cumprir uma pequena odisséia vivencial: o flêrte, a aventura com a civilizada mulher do patrão, o não-fazer-nada, o romance com a donzela inexperiente. Os temas são comuns, corriqueiros. O original é o tratamento de Truffaut, quase chapliniano, em muito ajudado pela côr e pela canção ("Que Reste-t-il de -nos Amours?"), na voz de Charles Trebet, já em si o retrato falado de uma época. Até agora, um dos melhores filmes do ano.
Correio da Manhã
19/11/1969