Assassinos de Aluguel (OSS 117 Murder for Sare) - o título é complicado em inglês, mas trata-se de produção franco-italiana - é a nova salada de espionagem mal colorida. Curd Jurgens faz o papel de um potentado marginal, "comandante” da Organização, especialista em alugar os seus assassinos, mormente para crimes políticos. Usa ao que parece um pijama prêto de bolinhas douradas, que, realmente, é uma túnica. Colecionador de arte grega, (espécie de subproduto de Winkelmann), naturalmente homessexual, sempre acompanhado do seu pretenso efebo de confiança, Karas, uma espécie de Franco Nero sublavado e subnutrido. John Gavin (que, antes, gozara de melhores chances em fitas, como A Time to Love A Time To Die, de Douglas Sirk, ou, fazendo o jovem Júlio César, em Spartacus; de Kubrick) está incrível em sua canastronice (e também pederastia) do agente secreto que se finge de criminoso para rebentar a organização. Logo no início, quando enfrenta a polícia italiana, rebola, faz cara de boneca e solta plumas. Mas finge amar a bondiana Luciana Paluizi e, no fim, fica noivo da ingênua Margaret Lee. Um dos dirEtores da kermesse chama-se J. P. Dessagnay - do outro nem consrguimos guardar o nome.
Nem nos tempos da vellha Atlântida seria possível realizar uma coisa tão precária, embora os atôres ainda tenham relativo prestígio. O ritmo é chocho, as situações são de inverossimilhança infantil. Mas - mesmo sem haver mulher nua - a censura tachou o espetáculo como proibido até 18 anos - como se fosse possível alguém com idade acima de 13 anos, a não ser na hipótese de retardamento mental, levar a sério êsse filme (quem sabe? alguns dos próprios censores). Assassinos de Aluguel é o espelho da falta de assunto destinado a quem está no paroxismo da falta de programa.
Correio da Manhã
15/01/1970