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Macunaíma

A vitória de Macunaíma, no Festival de Mar del Plata, reevidencia, de modo inequívoco, o prestígio do cinema brasileiro junto aos festivais e parte da crítica internacional. E Macunaíma, inclusive, não só pelo aspecto tropicália, como pela presença de Grande Otelo teve boa receptividade de público, aqui entre nós, ficando semanas em cartaz, ao contrário da maioria maciça das realizações do cinema chamado nôvo, cujo diálogo com a platéia ainda é uma incógnita.
Falta a essa adaptação cinematográfica do romance de Mário de Andrade o radicalismo inventivo, de um lado, e, de outro, o maior impacto de elementos do espetáculo, que seria lícito esperar. Mas seria injusto classificar Joaquim Pedro de acadêmico, segundo as declarações de Rogério Sganzerla. Há fatôres positivos inegáveis em sua fita e cujo desdobramento foi contido por uma certa disciplina literária, talvez algo de um mineirismo culto, tradicional, do realizador, que ainda não vive emocionalmente a própria antropofagia cultural, como Sganzerla o faz e o demonstra magnificamente em seus dois filmes: O Bandido da Luz Vermela e A Mulher de Todos. Todavia, para o devido consumo de uma coisa "tão nossa'', ao nível da crítica estrangeira, Sganzerla é menos deglutível do que Joaquim Pedro. No caso da chanchada, por exemplo, êste último utiliza-a ao nível meramente expressivo da manifestação cinematográfica, ao utilizar a alegoria de Mário de Andrade, enquanto, em A Mulher de Todos, já temos metalinguagem, ou melhor, metachanchada, a chanchada que não apenas se avacalha, porém se critica como produto de uma cultura de mass média.
De qualquer forma, o cinema brasileiro, ainda nesta fase transitória entre o subdesenvolvimento indústrial e o pleno desenvolvimento, não pode se alimentar apenas do êxito nos festivais, de um ou outro sucesso ocasional de bilheteria, ou do comentário elogioso de intelectuais. É preciso aquêle encontro com o público, "nosso público'', não como uma imposição moral ou de imediatismo de bilheteria, mas para que a rentabilidade dos filmes facilite o ensêjo para o desenvolvimento. Nem, evidentemente, seriam Sganzerla ou mesmo Joaquim Pedro os cineastas encarregados de fortalecer êsse encontro, e, sim os beneficiários futuros que achariam maiores recursos para fazer o seu cinema arty. Fitas como Os Paqueras ou Quelé do Pajéu conseguem isso, sem sacrificar um mínimo da "dignidade''. Nessa fase, os dois pólos da invenção e da técnica se reabastecem dialeticamente: saber o que fazer da técnica e ter condições para o seu aprimoramento e, do outro lado, ter os instrumentos que permitam criar, no sentido amplo do têrmo.

Correio da Manhã
19/03/1970

 
Uma Odisséia de Kubrick
Revista Leitura 30/11/-1

As férias de M. Hulot
Jornal do Brasil 17/02/1957

Irgmar Bergman II
Jornal do Brasil 24/02/1957

Ingmar Bergman
Jornal do Brasil 03/03/1957

O tempo e o espaço do cinema
Jornal do Brasil 03/03/1957

Ingmar Bergman - IV
Jornal do Brasil 17/03/1957

Robson-Hitchcock
Jornal do Brasil 24/03/1957

Ingmar Bergman - V
Jornal do Brasil 24/03/1957

Ingmar Bergman - VI (conclusão)
Jornal do Brasil 31/03/1957

Cinema japonês - Os sete samurais
Jornal do Brasil 07/04/1957

Julien Duvivier
Jornal do Brasil 21/04/1957

Rua da esperança
Jornal do Brasil 05/05/1957

A trajetória de Aldrich
Jornal do Brasil 12/05/1957

Um ianque na Escócia / Rasputin / Trapézio / Alessandro Blasetti
Jornal do Brasil 16/06/1957

Ingmar Berman na comédia
Jornal do Brasil 30/06/1957

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