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A pouca tentação da nudez

Que é que é isso?! Que Coisa é essa?! O filme começa e já é Isabel. Meretriz, carregando o pêso dos seios (ultravolumosos, porém com boa levitação, desafiando as leis do equilíbrio biológico). Vai para uma ilha, onde o seu gigolô alugou-a a um pescador amigo, a fim de passar uma temporada com êste. Depois de varrer o chão e afagar as aves e mamíferos domésticos, apresenta-se (chama-se Mônica) ao locatário e anuncia que vai tomar um banho. Dito e feito: atira-se de vestido e tudo sôbre o derrame das vagas, rola, ri fagueira, e tira tôda a roupa. Pulam todos os volumes e os seios, inclusive, são até enfocados como o pé de Rivelino em conhecido anúncio comercial. O pescador (chama-se Zé) fica vendo tudo de longe, algo abobalhado e inerte. Faz cara de chôro, coça a cabeça, depois vai andando mansinho até ela, cria coragem e dispara para Isabel. Aí, a platéia aplaude frenética a sua decisão tardia. O resto será sempre a nudez dentro de um plot sêco, simplório.
Importante foi a atitude da censura que, mesmo cortando coisas por demais audazes, deixou o suficiente para evidenciar uma mudança de atitude. Depois do que se vê em Tentação Nua, nada mais poderá ser tesourado no cinema, em matéria de sexo. Em dado momento, Isabel e Zé, nuzinhos, copulam na praia sob o rebate das ondas - o público aplaude a goleada erótica. O resto seria para chorar, em matéria de desleixo, grossura e mau gôsto, neste espetáculo onde a antropofagia cultural se exprime de maneira drástica, radical, primitiva, insensível. Tôdas as regras da cultura de linguagem de cinema são desrespeitada - se o filme (?) é Isabel, tem de ser la Sarli do comêço ao fim e despida comme il faut. Os flashes-backs da memória da protagonista são o retôrno à vida do bordel, onde talvez nem o mais bárbaro Buñuel pudesse conceber o que ali ocorre. Lâ ela tem as cenas mais insólitas com um nanico caipira, com um maníaco por strip-tease, um velhote chorão e cornudo, um rapazola aparvalhado etc. Em côres e os balões dos seios sempre em evolução. E viva a censura.

Correio da Manhã
25/06/1970

 
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