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O belo Antônio

Em reprise, Il Bell’Antonio, realização que fêz furor alguns anos atrás por causa da audácia do seu argumento: a história de um homem bonito e impotente e, a partir disso, crítica e reflexos sôbre comportamentos retrógrados. No papel-título, Marcello Mastroiani, que, depois de oportunidades obtidas com Visconti (Um Rosto na Noite) ou Fellini (A Doce Vida), começava a se projetar como um dos atôres mais famosos. O Belo Antonio, muito bem dirigido e interpretado, deu-lhe o grande cartaz definitivo. Ao seu lado, uma estrêla que principiava a despontar: Claudia Cardinale, no papel da mulher que se casou com o protagonista. E, ainda no naipe dos intérpretes, a presença de Pierre Brasseur (o inesquecível Frederic Lémaitre, de Les Enfants du Paradis, da dupla Carné-Prévert), Tomas Millan e Rina Morelli.
O Belo Antônio é também um ponto positivo na carreira de Mauro Bolognini, um dos melhores cineastas do segundo time italiano. Nascido em Pistoia; em 1923, Bolognini, depois de estudar no Centro Experimental de Cinema, foi assistente de direção de cineastas bem conhecidos e dos mais atuantes em sua época: Luigi Zampa, Jean Dellanoy e Marc Allégret. Dirigiu seu primeiro filme em 1953: Ci Troviamo in Galleria. Entre suas realizações mais elogiadas, além do Belo Antônio, encontram-se A Longa Noite de Loucuras (La Notte Brava), Um Dia de Enlouquecer (La Giornata Ballorda), Caminho Amargo (La Viaccia), Arabella e Senilità.
Outro dado famoso a respeito do filme é que o roteiro, baseado em romance de Vitaliano Brancatti, é de autoria do hoje, também famoso (Teorema & outros) Pier Paolo Pasolini, que se iniciara no cinema, vindo da literatura. Pasolini de formação marxista e que conseguiu mesclar seu cristianismo com o ímpeto dionisíaco, encontrou no romance de Brancatti um ótimo estímulo para consumar suas observações a respeito de aspectos da sociedade provinciana e, até também, por sua índole homossexual, destruir ou corroer a figura do machão em eterna disponibilidade - uma das constantes mitológicas da província. Por isso mesmo uma das cenas mais importantes da fita é aquela onde o pai de Antônio, sabedor do fracasso do filho, invade o bordel da Catânia a fim de provar que a família não é feita de impotentes e morre na cama da meretriz. Pois o amor sublimado, puramente espiritual, de que era capaz Antônio (herança da estirpe medieval) e que o impedia de consumar o ato sexual com o seu objeto, não poderia jamais ser compreendido pelo seu meio retrógrado - seria no máximo, coisa ''para mulher" - os galinhos protestam.
Hoje em dia, com o desenvolvimento temático do cinema, o assunto de II Bell’Antonio não assusta - a impotência pode até ser charme ou batida de vanguarda, conforme o gôsto de quem está experimentado por cineastas como Bergman, Godard, Pasolini, Fellini etc. Mas vale a reprise em si, como um bom filme de sua época.

Correio da Manhã
21/08/1970

 
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