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Bonnie & Clyde

A reapresentação de Bonnie a Clyde, de Arthur Penn (de quem, há pouco se viu o execelente Alice's Restaurant), justifica-se, não só pelo sucesso de bilheteria, como também por se tratar de uma das melhores realizações no gênero, dos últimos anos.
Um estudo sôbre a violência - a violêncta que, em estado latente, perpassa por todo um modo de vida. E a mesma violência é, em última, instância, um dos mais poderosos condicionantes estéticos do espetáculo cinematográfico, que Hollywood sabe explorar como ninguém mais.
Muitos observadores, tomados amiúde por uma espécie de moralismo, às vêzes até cínico, insistem em enunciar a violência no filme, como se manifestação vital e cinematográfica fôssem diretamente à mesma coisa. Pelo contrário, muitas correntes de psicólogos consideram-na até como um substitutivo aos impulsos anti-humanos, assim como os brinquedos de armas dados às crianças. Especialmente numa época onde a televisão mostra tudo (da guerra no Vietnam à exploração dos defeitos físicos dos sêres humanos), é inócua a polêmica, assim como o moralismo apenas se limita a refrear as formas de conhecimento.
Neste filme de Arthur Penn, a concepção inclusive lírica de acompanhar o transe de violência do casal de protagonistas, envolve crítica não tão velada a determinados sistemas de vida. Pemi, evidentemente, não adota, nem se deleita com a ideia de violência em si. Apenas pretendeu e concretizou com sucesso, tal como posteriormente, Sam Peckinpah, com sua obra-prima, The Wild Bunch - dissecar, desenterrar e descascar algumas de suas raízes. Ai está, por exemplo, a seqüência final, antológica, onde Bonnie Parker e Clyde Barrow, com muito mais sangue frio e violência, são chacinados, impiedosamente, à traição, pela polícia e pelo establishment. Até certo ponto, não foi muito diferente o que aconteceu com os drugboys de Easy Rider, de Dennis Hopper e Peter Fonda. Ou, já há muito, com o protagonista (pai de Peter - Henry Fonda), em You Only Live Once (Vive-se Uma Só Vez), de Fritz Lang,
A nostalgia fotográfica de Bonnie & Clyde pode também encerrar o saudosismo por uma época, não tanto pelo individualismo, mas onde era possível acreditar em valôres, agora inarredavelmente deteriorados. Além do background psicanalítico - a impotência de Clyde - a simpatia pelos marginais reflete tão-somente condenação de um sistema que os forjou. Conclusão velha e manjada; mas não custa passear pelo óbvio.
Arthur Penn, logo antes desta fita, em The Chase (Caçada Humana), já havia também - com o mesmo brilho - se exercitado pela violência, mostrando o desvario da intolerância. Bonnie & Clyde foi corolário.

Correio da Manhã
29/09/1970

 
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