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Bob & Carol & Ted & Alice

No cinema Copacabana foi restaurada a tela ceifa-crânio o que prejudica bastante a apreciação do espetáculo, pois, no lugar das cabeças, o que vemos a falar são os pescoços dos personagens. Talvez um êrro na impressão das legendas, tenha acarretado o desajuste; vale, no entanto, o registro.
Bob & Carol & Ted & Alice, da dupla Larcy Tucker-Paul Mazurski (este, agora, o diretor, tendo primeiro participado do roteiro), possui uma boa equipe na infra-estrutura de produção, destacando-se o fotógrafo Charles Lang, que contribui com um excelente nível cromático, e o músico Quincey Jones, a perfazer um acompanhamento musical extremamente functional.
É, de início, uma das realizações moralmente mais disinibidas dos últimos tempos, a demonstrar a tremenda diferença que existe entre Hollywood, durante o Código Hays, e depois da queda dêsse instrumento de auto-repressão, que limitou radicalmente a criatividade dos seus cineastas. Reflexo também do saudável renascimento neopagão que, ao contrário de conclusões apressadas, além de injetar sangue nôvo na vida e relações familiares, pode até solidificar essa instituição.
O estilo descontraído, adotado pelo diretor, contribuiu bastante para o rendimento do conjunto, em ritmo leve, amiúde hilariante, mas que não embota a seriedade da proposição. No comêço, vemos Bob e Carol chegando a uma espécie de retiro nas montanhas, onde, além de nudismo e rituais importados do Oriente, há uma espécie de sessão de psicodrama, da qual acabam participando. A partir de então, a seqüência de acontecimentos, que, até uns cinco anos atrás, seriam insólitos, e proibitivos para o cinema, porém que, agora, são abordados, inclusive, na toada do bom humor. Bob viaja a trabalho, volta e quando está na cama com Carol, na hora da verdade, resolve confessar à mulher que tivera uma aventura. Para seu espanto, Carol acha tudo muito natural e não sente ciúmes. Mais tarde, quando Bob volta de outra viagem - dessa vez sem prevaricar - é ela quem lhe informa que o leito conjugal está ocupado por um outro, um professor de tênis com o qual resolvera experimentáar o sexo. Bob estrila, pensa, controla-se e, enfim, bebe uísque com o professor, ambos sentados na cama. Como se vê, tudo altamente civilizado. Ted e Alice, os amigos diletos, estão informados de tudo e começam a entrar na roda. Numa cena, os quatro, tranquilamente, fumam
hachich. Depois, Ted tem uma aventura e conta a Alice, que, por seu turno, quer dormir com Bob - o que provoca aprovação imediata de Carol, que, ao mesmo tempo, despe-se para Ted. Tal como refluxo ao psicodrama inicial, vão principiar - os quatro já despidos na cama - a bacanal terapêutica, que deixou de se completar por alguns acasos de timidez e inibição, mas que serviu para intensificar a amizade e a comunicação entre todos. Felizes, saem na rua, e a canção-tema entra em função.
Não sendo uma obra de importância estrutural, é uma das realizações mais didáticas, sadias, civilizadas dos últimos tempos. Nathalie Wood (um corpo admirável) é Carol; Robert Culp faz Bob, com bom desempenho, da mesma forma que Elliot Gould, como Ted. E ótima revelação também é Dyan Cannon, no papel de Alice, feiusquinha, porém muito convincente em suas reações. E a Paul Mazurski o maior mérito de haver conferido fluência precisa ao desenrolar da fita e uma naturalidade espantosa para os intérpretes em situação.

Correio da Manhã
30/09/1970

 
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