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Pistoleiro sem destino

Crítica
O alvo ilumina a seta. No princípio, já tudo luz, iluminação para que a câmara, em seu registro silencioso, nas cambiantes cromáticas, possa exprimir o sentido telúrico do filme. Pois este sentido é quem ilumina a paisagem e os personagens. O encantatório visual, como se, até a realidade do azul farto da água, estivessemos sob o crivo de viragens, estivessemos por exemplo, em
Ménilmontant, de Kirsanoff. Esse início dá o tom da fita. É a áura da amizade entre aqueles homens rudes, que sem saber, estão no alegórico ofício da procura. Também a aura daquele que, juntamente com The Wild Bunch (Meu ódio Será Tua Herança), de Sam Peckinpah, é um dos maiores westerns dos últimos tempos.
Mas The Hired Hand é um western diferente. Não irá se exorcizar por aquilo que caracterizou o "gênero por excelência", ou seja, ação, movimentação intensa. O seu espetáculo não é o do ritmo da violência, e, sim o da ambiência e sua funcionalidade em projetar uma idéia. Não será certamente recomendável a quem vai ao cinema a fim de se "divertir", esquecer o "dia-a-dia".

O vôo enriquece as plumas. A amizade entre os dois homens (Peter Fonda e Warren Oates) se funda no inconformismo. Por isto, torna-se profunda - amor em determinado sentido. Está em contradição com a atitude-padrão da mulher (Verna Bloom, em admirável encarnação). O filme parece querer dizer que a longo prazo, enquanto o homem quer o amor, a mulher quer o "seu" homem. O dinâmico e o estático, isto vem de certo modo explícito no diálogo a sós, na varanda, entre Harnah e Arch, quando ela diz que "poderia ser você".
Existe, em paralelo, a tendência de evidenciar a permanente fatalidade das diferenças de condição humana. E o inconformismo, diante de tal fatalidade não negada, é que traduziria a dignidade humana. A aparente placidez das imagens e situações invoca, em seu carater intrínseco, algo de muito mais dinâmico: a violêncla dos sentimentos às vezes incapazes de romper a couraça do corpo e do comportamento.
A história de Alan Sharp buscou o realismo do estar e reagir. Nada de heróis ou duelos clássicos no mano-a-mano do quem saca primeiro. Os protagonistas, os não-mocinhos, quando necessário, atiram pelas costas. Na verdade, não estão interessados na violência, porém a esta acabam cedendo. O tiroteio do desfecho faz-nos retornar momentaneamente ao clima do faroeste normal, bem feito, se já não contivesse uma crítica a este último, numa síntese do que poderia ser a história em toada meramente comercial: os dois mocinhos, a mulher do vilão, o vilão e seus capangas e o amigo mais jovem, dos dois protagonistas, morto sob pretexto de estar bêbado, violando a mulher; vingança and so on.
Pistoleiro Sem Destino procura fazer pensar gerar o arquétipo das condições que forjam a procura e o conformismo.

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