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O duelo

Depois de tanta confusão, bossismo, contorsionismo e até motociclização do gênero - sem falar na permanente tirorréia italiana - enfim um western de linhas clássicas, rigorosas, vasado numa história original. A Gunfight desdobra a geometria franca - tudo em volta de um projetado mano a mano, mão no coldre contra mão no coldre. Sem precisar de uma trama, a justificar o duelo final a bala. Pelo contrário, este já nasce como ponto de referência do entrecho.
O Duelo, o mito do matador. E, desde The Big Carnival (A Montanha dos Sete Abutres), de Billy Wilder, com o mesmo Kirk Douglas de protagonista, mais uma fita a respeito da morbidez das massas. Só as pessoas, diretamente interessadas na vida dos duelistas lutam contra a idéia inovadora de um tira-teima de gunfighters em arena de touradas, do outro lado da fronteira com o México: a mulher de Will Tennery, (Jane Alexander em boa aparição) e a jovem que Abe Cross conheceu no cabaré (Karen Black). O xerife é neutro. E há um jovem candidato a substituir uma das faces do cara-ou-coroa e que, depois de ferir o delegado, é morto por Tennery, mediante tiro geométrico no centro do peito.
Sem ser obra de grande importância, O Duelo se afirma como filme de preciso equilíbrio em seus elementos. Desde o início, o clima funcional: Abe Cross está chegando ao lugarejo e percebemos sua habilidade ao fulminar, com dois tiros, uma cobra que mordera a perna do cavalo. Lá, na pequena cidade, desejava apenas a oportunidade de adquirir um cavalo novo. Lá também, mora Tennery, outro craque do revolver semi-aposentado, na monotonia do dia-a-dia, casado, com um filho, a admirar este silenciosamente, as habilidades míticas do pai. Tennery propõe o esportivo mata-ou-morre a Abe: pois quem ganhar a "bolsa" estará com a vida resolvida. O resto da fita gira em torno do grande dia.
A Gunfight segue uma trilha reta e concreta. O argumento de Harold Jack Bloom, também associado à produção, foi muito bem assimilado e estruturado pelo diretor, Lamont Johnson. Os dois intérpretes principais, Kirk Douglas e Johnny Cash, dão perfeita conta do recado em seus papéis. A sucessão de cenas é seca e galopante; o ritmo adequando lança o público ao centro de interesse.
O aspecto lateral, um certo destoar novelesco dentro da trama, diz respeito à evocação do passado entre a mulher de Tennery e Alvarez o comerciante que, na esperança de tê-la outra vez, não hesita em organizar o show suicida. Alvarez é vivido por Raf Vallone, um papel sem maiores conseqüências. Mas isto é um óbice bem secundário dentro do brilho até surpreendente da realização, que ainda se enriquece na sutileza de alguns detalhes e situações.
Um bom filme, um western de nível.

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