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Ansia de amar

A nostalgia, especialmente quanto às produções norte-americanas, começa a se evidenciar como a grande tendência do cinema contemporâneo. Já deu uma penca de representantes. É mesmo curioso notar que os dois maiores filmes deste ano, até o presente momento - O Jardim dos Finzi-Contini, de Vittorio De Sica; e este admirável Ansia de Amar (Carnal Knowledge), de Mike Nicholes, que vem se afirmando como um dos melhores diretores dos últimos períodos - são espetáculos que se enquadram na linha nostálgica: o cinema como máquina do tempo. Quanto mais poderosos os recursos da era da reprodução (e a reprodutibilidade já é a ontologia à o filme), mais próximo e contingente fica o passado.
Poder-se-ia, sob determinado aspecto, tentar explicar esse saudosismo, esse passadismo, como reação ao esgotamento de bossas e fórmulas: da falta do que dizer, exprimir, em decorrência do vazio de valores. Então, ocorre o fenômeno curioso: fitas com o espírito e/ou ambiência de décadas atrás, realizada com a técnica estática da época presente. No início de Carnal Knowledge, por exemplo, Jack Nicholson e Arthur Garfunkel comportam-se tal o gênero boy meets girl feito por Van Johnson e Dan Dailey Jr. E não foi necessária a sátira: bastou presentificar as situações a fim de conferir o desmesurado sentimental, o gap entre dois tempos.
Carnal Knowladege constitui também mais uma extrema demonstração da liberação sexual e erótica na área do filme. E reitera a constatação de que, agora, a moda é o homem despido sem maiores rebuços (nunca em estado priápico, é claro). A crueza dos diálogos (com os palavrões tremendamente amenizados nas legendas) alia-se à radicalidade das situações, tudo bem ajustado pelo texto (magnífico) de Jules Preiffer, colaborador inestimável para o êxito de Nichols. Ao mesmo tempo, a fotografia do italiano Giuseppe Rotunno, que parece haver compreendido magistralmente o espírito do espetáculo.
A fita enfeixa uma sucessão de hipóteses do comportamento masculino diante do sexo, em três tempos, o primeiro correspondendo a fins da década de 1940 e o último à atualidade. E é notável a idéia de sugerir os saltos no tempo com as vinhetas da patinadora valsando no fundo intensamente branco, mormente na primeira cena onde o recurso é utilizado, em sensacional elipse dramática.
O elenco em grande rendimento. Cynthia O'Near e Rita Moreno têm papéis menores, mas dão bom destaque. Arthur Garfunkel tem um papel difícil, na primeira etapa, que já derrotou muito intérpretes experimentados. Candice Bergen muito bem dirigida. Jack Nicholson, o protagonista nº1, justifica o cartaz que já ganhou - alguns exageros, mas sem prejudicar a composição do personagem. E Ann Margret, a melhor figura. Não só o corpo, o erotismo intenso, porém uma interpretação de indiscutível sensibilidade.

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