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Os Deuses Malditos - Em reprise...

Em reprise, Goddamerung (Os Deuses Malditos), penúltimo filme de Luchino Visconti, um dos mais aplaudidos diretores italianos.
Pode-se dizer que - tomando em conta fatores rítmicos e estruturais - ele, desde o seu primeiro longametragem, Obsessão (Osesione), embora com indiscutível brilho, faz sempre o mesmo filme. Fantasiando o marxismo (hoje, uma postura já acadêmica) com o decadentismo, Visconti dá sempre a garantia do bom espetáculo: requinte, rigor e grandes interpretações.
Os Deuses Malditos mantém o esquema. Agora é o nazismo a acionar o esteticismo. Houve a especulação e o quase escândalo de se haver inspirado na biografia da Família Krupp (que era algo um pouquinho diverso da Família Trapp). Porém, em si, vale o filme, a exibição do nazismo, como violência, paganismo desumano e homossexualismo, além de expressão política do medo tão exacerbado do comunismo, que leva os capitalistas liberais a se dobrarem diante da ditadura "providencial". O fenômeno não é único, acabado, isolado - apenas agravado, no caso daquela Alemanha, pelo fantasma coletivo do mito político.
Evocação de uma época de ascenção do horror político e desagregação das grandes famílias tradicionais. De novo, o refinamento do décor, inseparável das concepções do cineasta e aquele esforço bem compensado de extrair o máximo dos atores. Nisto se destaca a aparição de Helmut Berger (que é o irmão de Dominique Sanda, nos Finzi-Contini, de De Sica, e também o novo Dorian Gray), no papel do sucessor no domínio do império de aço, homossexual, tarado, viciado, incestuoso, depois militarista. Também a excelente interpretação de Dirk Bogarde e de Ingrid Thulin, como a mãe ambiciosa de Martin.
No clima de requinte e conflitos passionais, Visconti dá o seu dó de peito em cenas, como a da bacanal e massacre dos SA, passagem longa e esfusiante, onde ao delírio homossexual soma-se o impacto cromático em tom de luz e fogo, como a da concretização do incesto, entre Martin & mãe, realizada em admirável tom solene; enfim, o casamento insólito do desfecho com o rosto esbranquiçado de Ingrid Thulin fazendo lembrar a mesma técnica de Pasolini, junto a Silvana Mangano. Pois, Os Deuses Malditos não deixa de atualizar a velha mistura Freud x tragédia grega.
Para quem não assistiu na época do lançamento, uma boa oportunidade de encontro com o espetáculo viscontiano, além da fábula wagneriana sobre alguns processos políticos - da alienação ao delírio.

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