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O Transplante

O diretor, Steno, fez muitas comédias juntamente com Mário Monicelli. Depois, cada um seguiu o seu rumo solitário. Steno especializou-se mais na comédia, no filme de situações.
II Transplanti constitui mais um produto típico, não apenas do antigo espírito do cineasta, mas do gênero da comédia na Itália, macarrônica, grosso, esfusiante. Raramente sofisticado. O tema, por si, já denotaria a toada dessa realização: o transplante daquilo que papai do céu não proporcionou às mulheres. Um magnata velhote, casado com espécime invejável, que desliza em sua piscina, não se conforma em apenas contemplar (talvez bolinar) sua esposa. Vai a uma clínica suíça, despejando uma fortuna para poder exercer plenamente seus direitos maritais. O dinheiro é muito: surgem três candidatos forçados: o protagonista, um barão decadente da Sicília, conquistador emérito (Carlo Giuffre); um representante da baixa classe média romana, pai de 15 filhos (Renato Rascel); um lenhador débil mental. Com a fuga deste último, ao se inteirar do alcance do transplante, o segundo ganha a preferência do computador e realiza-se a operação, com êxito, é claro. Mas na Sicília, interpretam as coisas ao contrário e pensam que o barão foi o vencedor. Enquanto os credores pacientemente aguardam o dinheiro, o nosso herói - multiplica o número de cornuti na cidade, principalmente entre as autoridades. Lucram as mulheres e os espectadores com algumas risadas, nessa parte final que é a melhor do filme.
O roteiro de Nino Longobardi poderia ter melhor proveito e rendimento. Assim como ficou, estamos diante de uma obra simplesmente agradável e digestiva, que cumpre a sua finalidade imediata: divertir. O diretor limita-se a confiar nas situações em si e em se apoiar na truculência histriônica ou no
tour de force dos atores. Carlos Giuffre é realmente uma boa aparição. Tem condições de rivalizar com outros especialistas, como Alberto Sordi, Nino Manfredi ou Ugo Tognazzi. Renato Rascel, que há muitos anos legou uma interpretação inesquecível, na versão cinematográfica de O Capote, de Gogol, confirma a sua classe, num papel (o pai dos 15 filhos) ao qual tira de letra. As mulheres não têm muito o que fazer, embora, entre elas, figura Graziela Granata, que é uma das melhores contribuições (físicas) ao naipe feminino do cinema italiano, nos últimos anos.

Correio da Manhã
02/02/1971

 
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Revista Leitura 30/11/-1

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