LO CHIANAVANO TRINITÁ, constitui uma espécie de faroeste, fazendo a gozação do gênero e do estilo à la italiana, de abordar o assunto: tiros e mortes incessantes.
Dá para ver. Algumas situações são realmente engraçadas e há achados de comicidade e sátira. Inexiste monotonia - a diversão pela diversão traduz à tônica. Já, de início, a figura do herói (vivido por Terence Hill) sujo, roupa esburacada, a alça do ombro esquerdo arrebentada e caída para frente.
Trinity, é "à mão direita do diabo". Seu irmão, a esquerda do mesmo, rumava para aquela cidadezinha da fronteira com o México, encontra o futuro xerife, mata-o e apodera-se da estrela. Está esperando a volta de dois capangas a fim de abandonar o cargo e dedicar-se ao seu métier profissional roubar gado.
O protagonista está chegando no local na hora em que o irmão (já fisicamente inexpugnável - não há sôco ou marrada que o derrube ou faça emitir qualquer sinal de dor) se encarrega de liquidar três malfeitores que o provocaram. Eram empregados do prefeito Harrison (Farley Granger, reaparecendo em papel de vilão), cujo interesse era a escolha de um novo xerife. Quando Trinity ali se instala, logicamente, apesar das divergências fraternas, torna-se auxiliar da lei. A história se desloca também em parte para a colônia dos mormons, cujas terras são ambicionadas por Harrison a fim de transformá-las em pastagem para seus cavalos. Os colonos não lutam, em decorrência de injunções religiosas e será preciso que os dois irmãos, mais dois marginais recentemente chegados, convençam-nos a fazer valer seus direitos de modo mais incisivo.
O filme desenrola-se em fluêncla bastante razoavel, dado inclusive a sua natureza de bufonice burlesca. Bom nível fotográfiro e o diretor e autor de argumento e roteiro chama-se E. B. Clucher.
Talvez a melhor sequencia seja aquela do pré-desfecho, com a interminável briga com os bandidos, onde acontece tudo em matéria de socos, rasteiras, pancadas nas cabeças etc. Porém existem diversos achados cômicos, de sátira alucinada, ao nível simplesmente anedótico, a merecer registro. Exemplos, a cena em que os dois irmãos vão cauterizar a ferida no braço do pequeno mexicano e sai, uma verdadeira fumaceira do local; o duelo de Trinity, com os dois matadores elegantes e profissionais, contratados por Harrison (ambos usam as já manjadas luvas negras, um deles silencioso, inexcrutável, atende pelo nome de Mortimer), fazendo-os sair da loja a correr, com as ceroulas solferino de fóra .
Chamam-me Trinity é diversão bem razoável, o bangue-bangue de mata-tempo descompromissado.
Última Hora
01/05/1972