II Archangelo se prejudica basicamente per um roteiro mal estruturado, embora, entre seus inúmeros autores, como é praxe no cinema italiano, figurem os nomes respeitáveis de Steno e Renato Castellani. Nem, por outro lado, o diretor - Giorgio Capitani - soube extrair algo de maior interêsse do jôgo de situações ou de um mínimo razoavel de recursos materiais que teve em mão.
Um advogado vigarista é convocado por uma jovem, tipo gata loura de luxo, para uma seqüência de empreendimentos misteriosos, onde não faltam os assassinatos por dinheiro. Ela é amante de Marco Tarochi, um grande industrial de plásticos, cuja mulher tem ciúmes e desconfia de tudo. Marco - um potentado em matéria de riqueza - é dado a brincadeiras macabras para esvaziar seu balão de tédio e convoca todos os personagens para um fim de semana em sua mansão campestre. Depois, os acontecimentos ainda disparam com maior intensidade e aconselhamos aos candidatos a espectador de O Arcanjo que cheguem no comêço, porque, mal ou bem, há surprêsas no seu desfêcho.
Vittorio Gassman, muito caricato, exagerado em seu histrionismo, incansável naquele palavrório, típico do drama italiano, ainda não encontrou oportunidade idêntica àquela de II Sorpasso, de Dino Risi. É êle o advogado Furio Bertuccia, com nove causas no fôro e dez perdidas. Adolfo Celi repisa os tiques de suas vilonices à la 007 & adjacências, no papel do potentado Tarochi. Pamela Tiffin é a presença mais agradável da fita, não só graças ao corpo, mas também em função do espírito. É uma atriz que, com melhores oportunídades pode brilhar. Irina Demick não compromete e Carlo Pelle Piane dá o maior tom histriônico
Realização em côres, com um décor bem administrado. A primeira metade é algo confusa e arrastada, mas a segunda melhora um pouco mais e chega a acender, ao leve, o interêsse da platéia. Giorgio Capitani limitou-se a dar instruções burocráticas nos sets de filmagem.
Correio da Manhã
17/04/1970