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Os maridos traem… E as mulheres subtraem

O início chega a ser animador: trata-se da seqüência em um tom só, desenrolada entre os letreiros, no velho estilo sennettiano, onde Zé Vasconcellos corre pelas ruas, pregando em tudo - gente, automóveis, paredes, postes - o anúncio de seus serviços de detetive e, ao mesmo tempo, sendo perseguido por todos.
Logo depois, após o intróito esfusiante, vem a decepção em rápidos lances: o filme chega a se tornar precário, primário, durante boa parte da metragem. Verifica-se também que talvez, no máximo, resultasse em uma simples cortina de teatro de revista, foi virado e revirado em suas variantes, com pouca imaginação. Vê-se também que os objetivos de produção se resumiam em buscar apoio no dinamismo histriônico de José Vasconcellos. Porém, amiúde, as cenas armadas para êsse ator são mais radiofónicas do que propriamente cinematográficas - inúmeras vêzes a ação se interrompe a fim de que ele fique solando verbalmente, ou, diversas vêzes, também esses solos sem maior expressão, reiteram aquilo que a imagem já manifestara em forma de significado: por exemplo, a cena onde, com vistas a evitar novas incursões dos credores, o detetive barra a porta pregando um madeirame nela - consuma a operação e fica, em voz alta, falando qual era a sua intenção, que todo mundo já notara. Em suma, apesar de parcos relances, impera um tratamento de chanchada da Atlântida, daquelas de mais de 20 anos. No desfecho, com as correrias de praxe, sobe um pouquinho a pressão instígante da fita, mas nunca o necessário a fim de livrá-la da impressão de mediocridade estrutural.
A estória é manjadíssima. Os quiproquós em tôrno do esconde·esconde de dois casais, em aventuras de pares trocados - o marido de uma com a mulher de outro e, naturalmente, vice-versa, que contratam o mesmo detetive e vão parar, no finale habitual, num hotel. O paralelismo, aliás inexplicável, surge com as passagens de um cantor modêlo jovem guarda, imitando Roberto Carlos, sempre, debalde, tentando fugir de seu agente e das massas de fãs.
Elizabeth Gasper, Isabel Cristina, Mario Benvenuti e Newton Prado formam os catetos e hipotenusas dos triângulos amorosos elaborados com os dois casais: pouco têm a dizer ou a fazer de interessante: José Vasconcellos, dessa vez, ficou econômico em matéria de fazer rir. O diretor foi Victor di Mello.
Os Maridos Traem... e as Mulheres Subtraem constituí diversão muito precária.

Correio da Manhã
15/05/1970

 
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