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Girassóis da Rússia

Para alguns dos grandes cineastas, a decadência significa o conformismo. Para outros, é tão aguda que chega a dar a impressão de um estado de espírito. É o caso de Vittorio de Sica, sem falar no seu tradicional colaborador, o roteirista Cesare Zavattini. Juntos, fizeram, pelo menos, dois clássicos do cineina: Umberto D e Ladrões de Bicicletas, sem falar em duas realizações de grande fôrça: Sciuscia e Milagre em Milão. Ao temário social de Zavattini, De Sica acrescentava a sua formação de humor e lirismo. na base de Chaplin e René Clair. Traduziram, em suma, o ponto mais alto do neo-realismo puro.
Depois, a debacle. De Sica veio cada vez mais de mal a pior e chega ao inverso de seu apogeu em Umberto D: aí está Os Girassóis da Rússia, algo de incrível para quem conhece o retrospecto da dupla. Trata-se de uma fita romântica, na base de um espírito que prevalesceu no cinema de Hollywood da década de 1930 (A Ponte de Waterloo, Maytime, Por Amor Também se Morre etc.). Mas, aqui, inexiste catárse ou sofisticação - um exemplo recente, bem sucedido no gênero, é Mayerling, de Terence Young. Zavattini trocou o realismo pelo sentimentalismo e caiu no estereótipo e no lugar comum. A única coisa que se salva é a imagem dos próprios girassóis, vistos, do trem, a tremular. Mas filmar um dramalhão dêsses in loco, na Rússia, foi um gasto inteiramente inócuo para Cario Ponti. Assim como também é inútil o esfôrço de Sophia Loren no papel principal.
O não-espetácUlo inicia-se em tom brejeiro, à italiana. Sophia e Mastroiani namoram, casam e isto permite que êle espere mais quinze dias antes de embarcar para o front soviético. Parte e desaparece. Após algunia lenga-lenga, ela vai a Moscou em busca do marido.
Lá chegando, anda daqui, anda dali, eneontra-o, desmemoriado, casado com outra, de bebê e tudo. Ela volta, chora etc. & etc., anda de motocicleta com outro ETC, casa-se; êle vai vê-la em Milão - é tarde, muito tarde, para voltarem a viver juntos etc. & etc., choradeira e um adeus da e para a janela do trem FIM.
É o fim.

Correio da Manhã
10/09/1970

 
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