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Mayerling

Mayerling - retôrno altamente estilizado do cinema às fontes românticas do passado. Ingere-se numa linhagem, cujo carro-chefe, na história do filme, ainda é comandado por Maytime (Robert Z. Leonard) e The Great Waltz (Duvivier). A comparação da atual versão com aquela de 1934, dirigida por Anatole Litvak, evidencia até que ponto é importante tomar-se em conta a evolução dos recursos materiais no cinema com relação à informação estética. Projeção em 70 milímetros, excelente fotografia em côres, de Henri Alekan, décor de interiores suntuosamente caprichados e funcionais, exteriores com filmagens in loco em várias cidades, tudo, desde o bom gosto na apresentação dos créditos, jâ fazia presumir o êxito da realização.
O diretor, Terence Young, consumou três fitas de James Bond:
Dr. No, From Russia With Love e Thunderball. A equação do sucesso de Mayerling é simples, embora aparentemente heterogênea: 007 x Viena x alta administração. Verdade que a fórmula necessita de um executor com minímo de imaginação. Terence jâ havia provado saber não desperdiçar um bom suporte de produção. Pulou da espionagem para a estória de amor. Para isso, bastar-lhe-ia a empatia com o mood. Só aquela seqüência admirável transcorrida na ópera, de camarote para camarote, com a troca de olhares entre Omar Sharif e Cathérine Déneuve, com o jôgo de close-ups magistralmente intensificados, serviria para comprovar a sua sensibilidade aguda no trato cinematográfico da situação.
O filme, com metragem de cêrca de duas horas e meia, flui com precisão e funcionalidade. A atmosfera é valida, às vêzes ameaça debruçar-se sôbre o cartão postal ou tampa de caixa de bombons, mas isso não se verifica. As cenas de movimentação mantém-se vivas, a começar, logo, por aquela de abertura, ainda tão trivial em nossos dias, da polícia espancando estudantes. Certo que o back-ground histórico está romanceado, azeitado para o ensejo, porém tal fator não constitui em prejuízo, ao contrário, para o caso, se consiste até em exigencia estática. O imperador Francisco José tornou-se uma caixa de cacoetes na personificação de James Mason, que é o ponto mais fraco do espetâculo. O ministro Taafe é transformado em vilão de folhetim, mas não faz mal. Ava Gardner dá a sua nota, como a imperatriz. James Robertson Justice é um
Prince of Wales bem humorado. Enfim, nos dois protagonistas, Cathérine Déneuve vai num papel que lhe cai como luva e, incrívelmente, talvez por estar inserido no contexto, Omar Sharif não atrapalha, muito à vontade nas cenas de farra.
Enfim, também a censura, que parece haver inventado a passagem da era do porta-seios para a do corta-seios. Fabienne Dali, que os tem bonitos, e já os exibira fartamente em
A Enseada dos Desejos, de Max Pecas, agora, em Mayerling, na hora que vai sacá-los, recebe o celulóide uma tesourada ridícula. Resultado: só os censores e Omar Sharif puderam revê-los. Felizmente, no caso, isto não chega a prejudicar, na essência, uma fita que, por certo, será das melhores aqui lançadas neste 1970.

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