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007

Pinta o 7. Tem fôlego de 7 gatos. Esnoba os 7 pecados capitais. Não teme bicho de 7 cabeças. Toca os 7 instrumentos de fogo. Herói da 7ª arte. Dois 00 à esquerda, mas dezenas de 00 à direita, como investimento dos seus produtores e, depois, devolução das bilheterias. O mocinho amoral, superequipado para as tramas e tranças do mundo da espionagem. Mulheres, violência e parafernália tecnológica, num dos símbolos da grande investida neopagã. Para uns, consumo nocivo, para outros, mito espetacular, o público, ignorando o debate, atende em massa à missa de James Bond. Os 5 primeiros filmes do espião idealizado por Fleming foram estrelados por Sean Connery, que ganhou fama inaudita. Depois, talves por causa da calvície galopante, aliada ao cansaço de tantas acrobacias nos palcos de filmagens, desistiu do papel. Os produtores, incontinenti, dispararam em busca do substituto, e aí está ele, George Luzenby, que estreara em nossas telas em 007 a Serviço Secreto de Sua Majestade


James Bond é indestrutível? Tudo indica que sim. Nem a desistência de Sean Conery conseguiu matá-lo. George Lazenby chegou no momento exato para salvá-lo, colocando-se A Serviço Secreto de Sua Majestade. Com 007 vive-se mais do que duas vezes. Sempre com luxo, perigos e mulheres. Isso porque os produtores Harry Saltzman e Albert Broccoli tomaram todo o cuidado para que ninguém notasse a troca do ator principal. Mantiveram tudo no antigo nível dos milhões de dólares. Isso incluiu cenas em Portugal, Alpes Suíços e nos cenários fantásticos armados nos estúdios de Pinewood onde contruíram um laboratório que é a máxima ambição de todo e qualquer cientista louco.
A descoberta de George Lazenby foi feita na Inglaterra, mas segue os moldes antigos de Hollywood. Encontrado vendendo carros em Park Lane, transformou-se em modelo bem pago e passou a freqüentar a mesma barbearia que Albert Broccoli. Foi cortar cabelo e entrou para o cinema. É agora dono do personagem mais invejado do cinema. Exatamente em sua história definitiva, onde o final feliz é mesmo o casamento.
Quem casa com 007 é Diana Rigg, atriz respeitado e popular na Inglaterra. Interpreta Shakespeare em Stratford e espionagem em série na televisão. É a noiva ideal para “o casamento do ano”. Só mesmo Diana Rigg conseguiria salvar James Bond das garras assassinas e amorosas das mil mulheres que surgem a todo instante no filme, querendo tudo que ele tem. Não se sabe é se esse casamento é um meio suave de acabar com a série. É provável que sim. Ninguém aceitaria um 007 com hora marcada para o jantar.
Ficar sem seu James Bond anual será uma infelicidade para os que gostam de ir ao cinema. Mas para os vilões será uma tragédia. Nunca os homens maus foram tão bons. Pela primeira vez tinham um inimigo à altura de suas crueldades. Era preciso imaginação constante e cada vez mais aperfeiçoada para destruir o invencível. Em 007 A Serviço de Sua Majestade quem tem o prazer de chefiar o Spectro é Telly Savalas, um dos poucos atores característicos que tiveram seu nome decorado pelos espectadores. Para os mais desatentos, avisa-se que Telly Savalas é aquele careca que aparece nos filmes para causar repugnância e acaba conquistando a preferência de todos. Foi o que aconteceu no Homem de Alcatraz e, principalmente, nos Doze Condenados.
Além de George Lazenby, o filme traz outro estreante. O diretor Peter Hunt. Sua convivência com James Bond já fez, porém, aniversários. Foi editor, supervisor e diretor de segunda unidade de todos os filmes da série. Responsável, portanto, pela técnica segura e perfeita que sempre foi motivo anônimo e imprescindível do sucesso iniciado com o Satânico Dr. No e que nunca abandounou o que foi feito depois.
Antes de ser filme, 007 A Serviço de Sua Majestade era considerado o melhor livro de Ian Fleming. Poderá ser também a melhor história que o agente secreto viveu no cinema. Tudo isso será constatado em 70. Será que com tanta paisagem exótica, tanta Bond-girl, tanto perigo e tanto movimento, alguém sentirá saudades de Sean Connery? Os produtores não estão nem um pouco preocupados com a resposta. Sabem que só a vontade de comparara deixará o filme muitos meses em cartaz. Sem falar nos atrativos a que todos estão acostumados e que continuam presentes e mais acumulados. Para compensar qualquer outra ausência.

Correio da Manhã
17/12/1969

 
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