A mão, o dinheiro, o rosto amargo. O ôlho da câmara imerge num mundo de imagens insólitas. Vergonha; ou Ingmar Bergman, um dos cineastas mais discutidos do momento. Um casal de músicos instala-se na ilha, fugindo ao contato com a guerra civil. Poderá alguém desligar-se inteiramente dos problemas que assolam seu tempo, afetam a coletividade? O diamante da solidão vai se tornando embaçado de jaças: os ruídos do universo infestam a redoma. Depois de Persona e A Hora do Lôbo duas realizações inesquecíveis, a envolver, inclusive, uma meditação sôbre o próprio ato de criar - Bergman fêz Vergonha, filme no qual utiliza preconcebidaimente algumas técnicas e processo dos cineastas mais modernos. No elenco, a mesma dupla da fita anterior (A Hora do Lôbo) - Liv Ullman (na foto) e Max Von Sidow. Grande parte da crítica internacional já acolheu essa última experiência como mais um lance fabuloso do diretor sueco. Vergonha: talvez mais uma seqüênca no rôlo da história do cinema.
Correio da Manhã
19/11/1969