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Sansão e Dalila

Sansão e Dalila data de 1949. É um dos últimos produtos do velho e glorioso sistema de Hollywood. Seu diretor, Cecil B. De Mille, era o principal diretor das antigas superproduções comerciais, baseadas no star system, pujança do décor e grande movimento de massas. Morreu em 1959, após ter feito (depois de Sansão e Dalila), O Maior Espetáculo da Terra e Os Dez Mandamentos. Não chegou a assistir in totum à queda daquele sistema, do qual era um dos pilares; basta consultar a sua filmografia.
Um dos interêsses pela reprise do momento é verificar o quanto aquilo que representava, no cinema, a parafernália tecnológica de sua época resiste à erosão implicável do tempo, numa forma de criação imediatamente condicionada pelo progresso permanente da máquina e dos seus meios de reprodutibilidade em massa. Verificar também como ficou a readaptação do filme (realizado numa época onde, sequer, havia o cinemascope) no new look da fachada da tela de 70 milímetros. Enfim, para os fãs, rever a beleza de Hedy Lammarr, que, havendo-se iniciado com o escândalo de aparecer nua, em Êxtase, de Gustav Machaty, foi, logo depois, atraída por Hollywood, onde se tornou uma estrela famosa.
Quanto ao último item, nenhuma decepção: Hedy está intacta, graças à era da reprodução. A sua Dalila dá um banho de bola no Sansão vivido por Victor Mature, que era um dos maiores canastrões de sua época, vez por outra recuperado por diretores, como John Ford. Já o filme em si denota a ingenuidade de concepção típica do período, quanto às realizações sem maior objetivo do que proporcionar entretenimento. Personagens e situações esteriotipadas, a arquitetura estática, dogmâtica, do bem e do mal, do justo e do injusto etc&etc. No instante em que o neo-realismo italiano passava a pontificar, filmes, como
Sansão e Dalila, tornavam-se vítimas das exigências implacáveis da crítica, atenta ao ressurgimento do cinema europeu no pós-guerra.
Decorridos mais de vinte anos, no entanto, comprova-se que o tempo foi mais implacável com muitas das obras tidas como "sérias" do que com filmes classificados de comerciais, como êste. O espectador moderno, já vacinado por tanto realismo, denúncia e polêmica, poderá encontrar um certo encanto na inocência dramática e no papelão dos cenários. Perdoará os matizes mal distribuídos do technicolor e comprovará a competência indiscutível de Cecil B. De Mille, preocupado apenas com show-business; mas show-business a que nunca falta o mais importante: a seriedade empresarial.
Sansão e Dalila se consiste numa fita passível de ser revista com agrado, apesar do desenvolvimento tecnológico, ocorrido de lá para cá, que condicionou a sua modalidade de espetáculo a outros recursos bem mais poderosos. E só faz lucrar com a ampliação dos 70 milímetros.

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