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Que aconteceu com Bárbara

O diretor, Michel Deville, no início de sua carreira, ten,ou algumas experiências com a linguagem, cujos resultados foram instigantes quanto a determinados detalhes, porém monótonos em têrmos estruturais. Foi o caso de Ce Soir ou Jamais (Agora ou Nunca), que marcou a aparição de Ana Karina em papel principal, ou de La Menteuse (A Mentirosa), com Marina Vlady. Depois, parece que desistiu das pretensões de renovar e partiu em busca da sofisticação, aliás natural para o seu temperamento.
Assim como ocorre com O Urso e a Boneca, ainda em cartaz, êste é tom de Que Aconteceu com Bárbara (Bye, Bye, Barbara), uma incursão algo exótica e muitopessoal no gênero da fita policial. A história da obsessão de um homem por uma mulher bela, que ele não sabe direito se é real ou irreal, viva ou morta, já inspirou outros cineastas e legou uma das obras-primas da história do cinema: Vertigo, de Hitchcock. Deville, evidentemente, está longe de se nivelar ao mestre do suspense, mas continua demonstrando a sua procura incansável de um estilo, de toques originais.
Há uma bela mulher que aparece, súbito, na vida de um jornalista especializado em rugby e, entre uma partida e outra, em abiscoitar as meninas que lhe dão bola com inacreditável facilidade. Inacreditável porque (aí está um dos pontos mais fracos da fita) falta a Phillipe Avron o mínimo de físico para o papel. Nanico, feio, abobalhado, efeminado, apesar da disponibilidade das mulheres nesta época neopagã, seria incrível tanta fartura. Só se fôsse milionário, que é o que ocorre com o vilão, dono de teatros e cassinos convivendo com um luxo caligaresco, casado com uma bichana de primeira (Alexandra Stewart), porém fanaticamente apaixonado pela enteada (a tal que assombrou o repórter), cujos retratos, em reproduções enormes, pontificam ao longo de todo o décor.
A obsessão do tema rima com aquela do diretor quanto aos efeitos cromáticos, com uma dominante do tom cinza a se manifestar de ponta a ponta, no filme. Não conseguimos, entretanto, perceber se, além do exercício plástico, houve alguma intencionalidade significante no tocante a isso.
O desenrolar da trama, apesar do esquematismo de situações previstas no roteiro, consegue absorver um minimo de atenção e, assim, animar o interêsse (relativo) pelo aeontecimentos. Falhou Michel Déville em conferir a desejada atmosfera de mistério, que jamais poderia ser simplesmente propiciada através de detalhes insólitos ou o bossismo em alguns lances de sintaxe. Falhou, especialmente, na escolha e direção dos intérpretes, com exceção de Eva Swan, que consegue transformar-se numa aparição quase fascinante.

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