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Chaplin: O Circo

De nôvo, em reprise, Charles Chaplin, com O Circo. Não é o seu maior filme, não está na linha dos três grandes, Luzes da Cidade (City Lights), Tempos Modernos (Modem Times) e Monsieur Verdoux, porém evidência aquilo que é a essência de Carlitos: o básico em cinema, o milagre do patético e do movimento, do dinamismo intrínseco em cada imagem situação.
O conhecimento da parte mais importante da obra de Chaplin permaneceu longo tempo represado para as últimas gerações, devido à teima do cineasta em não liberar sua obra. Agora, finalmente, começou o processo, com a exibição de Tempos Modernos, na Europa, com grande sucesso. A última reprise dêsse filme, no Brasil, data de 1956; a de Luzes da Cidade, data de 1951; a estréia de Verdoux (sem reprise), data de 1948. Os jovens hippies de hoje talvez pudessem se identificar bastante com a flor de Cariltos (Luzes da Cidade), com a sua sátira implacável à civilização industrial, que êles repudiam (Tempos Modernos) ou com a denúncia radical do sistema social, do qual se marginalizaram (Monsieur Verdoux).
O Circo, tendo a duração de sete bobinas, data exatamente de 7 de janeiro de 1928. Era inteiramente mudo, mas, com vistas ao relançamento internacional, foi musiçado por Chaplin, que já era escritor diretor e produtor da obra. O fotógrafo, um dos colaboradores habituais: R. H. Totheroth.
Não oferece também aquêle pathos lírico, cujo ponto culminante reside em City Lights. Apesar de ocorrer o mesmo estilo de desencontro amoroso com a filha maltratada do dono do circo, Merna Kennedy, a ênfase concentra-se no desdobrar da hilaridade em ritmo avassalador. Logo no início, há uma correria a quatro (Carlitos, o ladrão, a vítima, o polícia), cujo ponto de convergência é uma galeria de espelhos, onde se verifica a rnultiplicação dos desencontros. Cena admirável que, logo, dá o tom do espetáculo.
Tudo termina, então, dentro do circo, já em função, e o show involuntário, propiciado pelo vagabundo, faz o público rir em delírio e abre-lhe uma carreira debaixo das lonas. Aí, emerge um dos grandes achados, na cena dos ensaios, quando o Chaplin, cineasta, forja os dois planos da realidade e ficção contingentes. Dentro da tela, na ficção, nenhum dos espectadores do ensaio consegue achar graça do vagabundo desajeitado e sem talento. Mas, fora da tela, na platéia, a seqüência torna-se engraçadíssima e o riso transborda com facilidade.
Mas o momento culminante da fita é aquêle em que Carlitos é obrigado a substituir o equilibrista lá no alto, na corda bamba. A sua inexperiência, por paradoxo, leva-o a acrobacias ainda mais radicais do que a ao titular, inclusive um strip-tease involuntário.
O Circo evidência que a aura da comédia, fora algumas raras manifestações de sofisticação intelectual, ainda permanece, no cinema, com aqueles que conhecem o segrêdo da alienação lógica do movimento e das situações.

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