Em Lo Strano Vizio della Signora Ward a estranheza já se inicia pelo próprio titulo: por que o vício? Ou será vício o eterno, prosaico, fisiológico ato de copular? Pois a Senhora Ward não faz outra coisa durante o filme (pelo que tiramos o chapéu a Edwige Fenech) com os interregnos de acessos de pesadelo ou medo, o que também não é de estranhar diante do que os outros personagens fazer com ela.
A segunda pergunta, diante dessa fita, cuja história aproveitável é conduzida de modo primário e displicente, deveria ser dirigida a Hollywood ou aos especialistas americanos: por que não fazer mais filme policial a sério e tirar a dica dos amadores italianos? É só ver, na área do livro, a vendagem dos romances no gênero para comprovar que o atual poderio técnico do cinema é capaz de das uma enorme contribuição. Basta notar que, entre nós, duas das mais importantes editoras – a Cultriz a a Record – relançam os livros de Edgar Wallace e S. S. Van Dine, que eram prato forte nas décadas de 1930/40, das famosas coleções Amarela ou Paratodos, ou a Série Negra.
Logo na cena inicial, estamos diante de mais uma versão de Jack, O Estripador – o criminoso tarado, trajado de preto, acionando a navalha sobre o corpo da mariposa. A seqüência é filmada de modo pretensioso, mas está tudo flou. Assim, de saída, ficamos na dúvida se era o estilo ou intenção do diretor ou, então, uma nova contribuição do cine Super-Bruni a estética do impressionismo. Infelizmente, com o desenvolvimento dos créditos, verificou-se tratar da última hipótese. E muito bem apoiada no estado precaríssimo de cópira em exibição (nacionalismo, nacionalismo) dublada num inglês sem sexo.
A incapacidade confessa do diretor, Sérgio Martino, concretizou-se no apelo imediato ao nudismo. O despe-despe é intenso, embora mal filmado e pior ainda projetado. Então, quando Edwige Fenech entra em cena, não há tempo a perder – a moça vai logo tomar um banho tépido, a fim de, para o espectador ir dourando a pílula, ou melhor, o abacaxi.
O Estranho Vício da Senhora Ward traduz uma realização de roteiro incrivelmente mal armado, o que transforma as situações e comportamento dos personagens num fluxo de artificialidade. As “surpresas” ou não surpreendem ninguém, ou o fazem pela arbitrariedade, pela inconveniência.
Edwige Fenech está aí mesmo para soltar o soutlen e fazer umas caras de susto. George Hilton e Ivan Rassimov, com sexo indefinido e fixação dos respectivos personagens mais indefinida ainda. Cristina A’roldi deve ser uma loura chata que, graça aos assassino morre no meio.
Última Hora
09/09/1972