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Ardil 22

Desde, pelo menos, o início do cinema falado, com Sem Novidade no Front, é mais do que farta a filmografia de Hollywood contra a guerra. Culminou com Glória Feita de Sangue (Paths of Glory), de Stanley Kubrick, enquanto Aldrich (Morte sem Glória) e outros continuaram mandando sua brasa. Até mesmo no âmbito da sátira, com a contribuição de um Ford, um Walsh.
Ardil 22 (Catch 22) retoma essa linha, com uma energia e uma profundidade que só a extrema fase de liberação do cinema moderno - principalmente o norte-americano - poderia proporcionar. Na perspectiva do original de Joseph Heller, dirigido na tela por Mike Nichols, não fica pedra sobre pedra da guerra e do militarismo, sempre uma abordagem das mais convenientes.
A história se desenrola durante a campanha americana na Itália, na Segunda Guerra Mundial. com um esquadrão de aviadores; às margens do Mediterrâneo. O filrne se inicia em tom puro de sátira macabra e, pouco a pouco, acentuando-se na parte final, imerge no drama radical de seres humanos como joguetes de esquemas de interesses. Realmente, a liberdade de autocrítica do cinema norte-americano permanece como algo muito aquém da possibilidade de outros centros de produção - já não diríamos subdesenvolvidos, porém até bem avançados: basta lembrar que Glória Feita de Sangue ficou proibido na França.
É só invocar algumas sequências para dar a idéia da crueza, não tanto realista. uma crueza de situações em função de uma tese: Alan Arkin, inteiramente nu apresentando-se ao general (Orson Welles), a fim de receber a sua ridícula condecoração; os PMs do Exército Americano desfilando pelas ruas da cidade italiana em toada de tropas da Gestapo; a prisão do protagonista, como desertor, no quarto do companheiro, mo· mentos após haver este úitimo estuprado e atirado a jovem pela janela.
Trata-se de uma obra crua em sua intencionalidade, vasada, entretanto, em argamassa intelectualista, com dialogação altamente sofisticada. A ação reflete um espelho de idéias. E o diretor, Mike Nichols - um dos que, vindos do teatro, ingressou no cinema com o pé direito -, está à vontade dentro da trama. Daqui a pouco, veremos a sua fita mais discutida, vítima de nossa tesoura censória, Carnal Knowledge (Ânsia de Amar). Antes, já havia brilhado com a versão na tela de Quem Tem Medo de Virginio Woolf? e A Primeira Noite de um Homem (The Graduate). Por isso, é ocioso dizer que o elenco atua de modo praticamente impecável: Alan Arkin, desembaraçado e maleável; Orson Welles, naquelas aparições mais ligeiras, dominando o ambiente; Martin Balsam tirando de letra um papel algo estereotipado: Jon Voight (de Midnight Cowboy), firme no cinismo, Richard Beniamin e até Anthony Perkins rendendo bem, sem grandes requebrados.

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