Il Dito Nella Piaga está sendo exibido aqui na versão em inglês. Trata-se de um filme inteiramente de Tonino Ricci, que escreveu, adaptou, dirigiu etc. Dá pra ver em última instância, porque é uma obra de guerra do terceiro time. Tiros não faltam, mas é um argumento meio surrado, do qual o roteito não estabeleceu linhas de uma idéia geral, uma inteção organizadora, a não ser entreter o público pela violência. E a mensagem antibélica consiste um pretexto para tudo.
No início, vemos dois soldados (um branco e um preto) praticando saque, assassinato, estupro (o branco). São surpreendidos e condenados ao pelotão de fuzilamento. Este sera comandado por um oficial recém-chegado ao campo de luta e com uma visão inexperiente e formalista do comportamento dos soldados. Na hora H da ordem de fogo, os alemães atacam e sobram apenas o oficial e os dois condenados. Aí começa a odisséia a três, pelos morros e matas, com trocas de ameaças, o tenente pretendendo levar os dois novamente presos ao término da jornada. Vão parar na cidade de San Michele, cujos habitantes saúdam o trio, julgando ser o prenúncio da libertação pelas tropas americanas. Lá, os criminosos encontram a sua redenção afetiva: o branco, numa jovem que se apaixona por ele, mesmo sabendo de quem se trata; o negro, na amizade de um garoto. No meio de uma procissão comemorativa, os alemães atacam a cidade - a jovem e o garoto morrem estupidamente - os dois, tomados de desespero, mais o oficial; conseguem reter um batalhão nazista, com tanques e tudo, por mais de cinco minutos de metragem - o que, em matéria de balão, faz recordar a ingenuidade dos seriados de antanhos. Os condenados morrem e recebem homenagens de heróis - o tenente ganhou experiência e aprendeu que nem tudo é cartilha ou manual. Amém.
O espectador, evidentemente, não aprende nada; tudo, no tocante a cinema ou moral, já era óbvio. A guerra é blasfêmia na Terra, ninguém ignora isto, mas sempre haverá pretexto para desfechá-la ou realizar fitas inócuas no assunto.
O elenco é razoável: Klaus Kinski (cuja quilometragem de celulóide já anda bem alta) George Hilton, Ray Saunders. A moça chama-se Betsy Bell e é algo embonecada.
No final, de novo o bosisrno de se fazer um retrospecto de várias cenas do filme. Parece que vamos ficar ainda muito tempo condenados a isto ou àquele outro recurso de, num relance, imobilizar a última cena, em alto contraste.
Última Hora
27/05/1972