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O gato de nove caudas

Depois de tentar imitar Hollywood, com o western (o gêneron por excelência convencional), os italianos estão montando a sua sucursal do thriller (o verdadeiro gênero por excelência do cinema). No faroeste já existem inúmeros especialistas de porta de açougue. No suspense, o único hitchcockinho é o Senhor Dario Argento, que já havia apresentado o seu cartão de visitas, mediante o Pássaro das Plumas de Cristal. Agora, continuando na mesma titulagem de zoologia surrealista, ei-lo com O Gato de Nove Caudas. Por que não o abacaxi de nove pontas?
Qual a razão do sucesso de bilheteria que vem ocorrendo ultimamente com fitas dessa natureza, com argumento infantil, ingenuidade de situações semelhante à dos antigos seriados e à incipiência técnica de produções de segunda classe? Isto sem falar no baixíssimo rendimento do elenco - Karl Malden caricato no cego que manja tudo e tem a clássica bengala ocultando ponta de aço; James Franciscus, a inexpressividade em pessoa; Cathérine Spaak embonecada pelo make-up (decepcionando quando baixa a blusa). A resposta parece residir no que se entende por assunto ou filão: o filme de mistério (daqueles em que o criminoso só é revelado no final) nos moldes tradicionais. Se, na criação em geral, o tema (literariamente falando), não traduz pressuposto de eficácia, pode, no entanto, refletir interesse ou vetar de entretenimento. Já é hora de o filme policial ou de capa-e-espada voltarem a ser levados a sério, em lugar do enxame de autogozações.
O público, enquanto não tem o melhor, sacia a frustração em obras como esse Gato de Nove Caudas (II Gato alie Nove Code). Mas, é pouco para a fome. Dario Argento, que é também responsável pelo argumento e roteiro. Brinda-nos com um manancial de inverossimilhanças, sem falar no esquematismo primário da trama. Quem é jornalista, logo de saída, deve achar muito estranho que a foto de primeira página do jornal, flagrando a mão do gato, quando atirou sua vítima sob o trem, não era de competência do departamento fotográfico da emprêsa (que geralmente, é lógico, funciona junto às redações) e, sim, de um particular instalado em local distante do órgão de imprensa.
Ao lado do lugar comum, o diretor experimenta alguns bossismos furados: relances súbitos de algumas cenas, o olho do gato enchendo a tela ou a câmara em pêndulo. Tenta ser pra frente com Cathérine ou o clube de pederastas. Ou, em algumas sequências, aqui sim, oferece o espetáculo deprimente, gratuito e antifuncional da crueza ou violência: por que os estrangulados e o assassino, a soltar, da boca, aquela tinta? Nem Deus
sabe.
Restaria lembrar aquela cena da violação do caixão que é inacreditável. E basta parar por aí. E o gato - quem é? Miau, miau, miau…

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