A principal atração de Sur La Route de Salina (Salina, povoado ali, entre México e Estados Unidos) residia no reaparecimento de Rita Hayworth - a mulher que viveu Gilda, Carmen ou Doña Sol, agora, no ocaso, como uma tranquila mãe dos principais personagens da trama. Rita não decepciona (como, aliás, nunca decepcionou): compõe com boa medida a sensação de solidão de Mara e a fixação pelo filho desaparecido transportada para um estranho.
O diretor francês, Georges Lautner, nascido em 1926, começou sua carreira em 1953. Depois, especializou se numa série de fitas policiais, geralmente com toque humorístico Sur La Route de Salina data de 1969 e é uma produção bastante cuidada.
A casa branca solitária e o seu posto de gasolina na dobra da estrada. Mara quer ver em todos os rapazes que param por lá a figura de seu filho, que havia deixado a casa há cerca de quatro anos, após discussão vioienta com a irmã (Mimsy Farmer). Esta possuía relações incestuosas com o mano e também se fixa no estranho (Robert Walker), eleito substituto pela mãe. O protagonista não desejava de modo algum perfazer qualquer farsa, mas sente-se envolvido, ainda mais que um amigo da família (Ed Beglev) também participa do ritual da permuta de identidades. Obedecendo a um esquema tradicional de apresentaçao-desenvolvimento-conclusão, ao crescendo, o filme chega às contingências dramáticas e violentas do desfecho. Muita coisa parecida já foi feita, mas não custa nada uma dose a mais.
Trata-se de boa diversão, um filme que pode ser visto sem maiores aborrecimentos. A começar pela fotografia, muito boa, extremamente caprichada - a utilização da cor dotada de inegável equilíbrio em função da fluência plástica. Lautner prova novamente que é um profissional eficiente (já o bastante quando se vê tantos candidatos a gênio): arranca bem os closes, dirige com o mínimo de segurança o elenco, diante de um entrecho difícil. O ritmo não escorrega pela monotonia.
No elenco, o mais inseguro é Robert Walker, porém não chega a comprometer; Rita Hayworth, como já dissemos acima retorna bem e mostra apesor da discrição imprimi a ao comportamento de Mara, a permanenria daquele fogo sagrado, a garantir atuação futura noutras fitas; Ed Begley falecido há quase dois anos sempre foi um dos melhores coadjuvantes do cinema. Quanto a Mimsv Farmer, parece ser a nova Doris Day. Aliás, neste filme ela vai dando a sua de Doris Day até que a situação fica preta e, então dá uma violenta de Jean Seberg Sophie Hardy, que andou se despindo na Enseada dos Desejos, de Max Pecas, entra de carona numa simples ponta.
Última Hora
11/03/1972