O quilate é 007. A volta de James Bond, personificado por Sean Connery, consiste em reativar um dos últimos mitos, um dos ultimo’s divos, criados pelo cinema. O pseudomoralismo de uns, o psicologismo precário de outros e até o esquerdaidismo de outra ala insistem em ver 007 como algo de nefasto, símbolo da violência pela violência. Mas trata-se puramente de um problema de ideias, porque no caso de Bond existe, inclusive, o distanciamento pela estilização, o objetivo é o espetáculo, o show. Coisas muiito mais duras e cruas já exibiu o cinema, porém quando se trata do underground ou do cinema nacional as boquinhas se fecham. O moralismo antiviolência, além do fardão vitoriano, já peca, na arte, pelo fundo falso: a violência sempre existiu, então é foco de realismo, principalmente para aqueles que a pregam ou a admitem com vistas a tudo – desde ganhar no futebol até mudar regimes políticos. Contra a arte, a criação, só conhecemos uma forma de violência: a censura. Quanto ao mais, intrinsecamente, é um problema de funcionalidade, de ambiência de efeitos.
Os filmes de 007 sempre estiveram a serviço do espetáculo, fonte para do cinema. Foi exatamente há dez anos que James Bond estourou, com Dr. No (O Satânico Dr. No). A seguir, vieram: From Russia With Love (Moscou Contra 007), Goldfinger (007 Contra Goldfinger), Thunderbolt (007 Contra a Chantagem Atômica) e You Only Live Twice (Com 007 Só Se Vive Duas Vezes). Nesta altura, já usando peruca, Sean Connery causou. O sexto filme da série, apresentada pela United Artists e produzida pela dupla Saltzman & Broccoli foi uma oportunidade de estrelismo para o Novato George Lazemby, que não conseguiu fazer o público esquecer Connery. Este, enfim, aceitou retornar ao ninho antigo e aí está Diamonds Are Forever (007 Os Diamantes São Eternos a ser lançado entre nós, dentro de poucas semanas.
O entrecho de Ian Fleming diz respeito agora a carregamentos de diamantes que vêm da Africa e tomam um chá de sumiço. Boud é chamado a fim de utilizar seus recursos ultratecnológicos.
O diretor Guy Hamilton é um especialista em dar conta do recado em fitas condicionadas ao espetáculo. Já havia dirigido um filme da série (por sinal, dos melhores), Golfinger. E, em Diamantes São Eternos, saiu com a câmara e a necessária parafernália, por vários cenários e países: Las Vegas, Palm Springs, Los Angeles, Amsterdan, Frankfurt, Nice, Dover, Southampton.
Além do insólito do show e das acrobacias humamas e eletrodinâmicas, existem outras atrações. De saída, Shirley Bassey, interpretando a canção-título, tal como o fizera em Goldfinger. E, como de praxe, o naipe feminino fisicamente respeitável, comandado por Jill St. John e Lana Wood (irmã caçula de Natalle Wood), que, numa sequência, atira-se nua, do décimo andar de seu apartamento do hotel, para a piscine. Em paralelo a ponta permanente de Loiz Maxwell, como Miss Moneypenny, a secretária de 007.
Última Hora
04/03/1972