The Love Machine não é nenhum instrumento moderno destinado a propocionar o culto do amor; é a televisão. O mundo da TV, criticado pelo cinema, ao mesmo tempo exaltado em seu teor encantatórlo do sucesso efémera ou indigesto.
Uma fita essencialmente perfumada apresenta o diretor Jack Haley Jr., tipicamente à la Hollywood - algumas vêzes o próprio vídeo toma conta da tela e podemos relembrar o contraste entre um meio (cinema) e outro (televisão): o primeiro, precedendo na invenção e ampliação dos recursos tecnológicos; o segundo, absorvendo tal precedência, na maior massificação e ambientação funcional.
No plot, amores e luta de bastidores pelo poder na rêde. O protagonista., vivido por John Phillip Law (aqui, algo menos canastrão), quer subir, ganha fama e utiliza as mulheres, seja como degrau do êxito, seja como prazer ou passatempo. Derrubou seu rival na organização (interpretado por Jaekie Cooper), o protótipo do homem que só pensa (com desprêzo) no gôsto réles do grande público e rejeita qualquer lance arriscado de criatividade ou renovação. Precisou, para tanto, ir até à cama com a mulher (Dyan Cannon), do chefão (Robert Wise), que sofre um enfarte tematicamente estratégico a fim de que as coisas se desenvolvessem. A tarefa de dormir com Dyan não será das mais pesadas ou monótonas, mas o nosso herói é algo inquieto, ambicioso e independente e, daí, surgirá nova emulação para o drama. Também existem as ligações suas ligeiramente homossexuais com um grande fotógrafo (David Hemmings, muito bem, soltando boutades num misto de Oscar Wilde e Groucho Marx). Resultado: escândalo e desfecho algo abrupto para o filme.
FOTOGRAFIA
O ponto mais atraente de A Máquina do Amor reside em sua visualidade, com algumas cenas realmente bonitas, aquelas decorridas de transmissões dos estúdios da TV. Tudo isso por via e obra do fotógrafo, Charles Lang Jr.. manejando com as côres ao tom do encanto, embora sem maiores lances de audácia. Quanto ao diretor, coloca os personagens e situações no escorrer de um ritmo fluente, agradável, em suma, atendendo aos imperativos da fun (diversão), com algumas pitadas de crítica ao sistema, a fim de dar um leve “môlho" intelectual à realização. Em paralelo atendendo às encomendas eróticas, uma ou outra mulher das que fazem "ponta", despe-se, avivando o ambiente.
Revelação de beleza feminina é a figura de Jodi Wexler no papel de Amanda - a que poderia ter sido uma estrela, mas se matou por amor, depois que, meia hora de metragem antes, num lance barato de simbologia, o protagonista embrulha num lance de sêda, o pardal morto, junto com o anel de perenidade que ela lhe dera. Uma fita que cumpre seus objetivos menores.
Última Hora
30/12/1971