Pretty Girls All in a Row não faz mais do que confirmar a vocação hollywoodiana do diretor Roger Vadim: charme, leveza, requinte, administração.
Quando se iniciou, projetando o nome de Brtgitte Bardot, com E Deus Criou a Mulher... (Et Dieu Créa La Femme), em 1956, Vadim parecia um espírito renovador, a trazer, inclusive, a abertura para um cinema sem preconceitos. Essa impressão ainda ganharia maior fôrça, com o seu segundo filme, Aconteceu em Veneza (Sait-On Jamais), enquanto, no terceiro, Les Bijoutiers du Clair de Lune, lá nos devolvia Bardot em pele de mito. E, de Bardot a Jane Fonda, induindo, agora, muitas dessas gatinhas da Metro, Vadim ficou famoso como lançador de atrizes bonitas, com as quais se casava. Acabou ficando isso mesmo: um cineasta de luxo.
Garotas Lindas aos Montes é titulo de fita de Elvis Presley ou da velha Atlântlda, de Oscarito, Eliana, Cyl Farney & co. Porém, sob o manto verbal da ingenuidade, encontramo-nos com um dos espetáculos mais sadicamente amorais dos últimos meses, ao qual não falta mesmo passagens de grossura (como as erecções de John David Karson) que, evidentemente, não rimam com o estilo anterior de Vadim, cujo top se traduzia nas ousadias eróticas. Uma escola super-pra-frente, onde todo mundo circula à vontade (garôtas qualse despidas), as raças se misturam e se confraternizam em um clima máximo de liberdade e o orientador psicológico (Rock Hudson, de bigode, desta vez soltando poucas plumas), entre outras receitas terapêuticas, ministra às meninas, em doses cavalares, aquilo que não deram a virgem Maria.
Evidentemente que, sem politica e religião, tudo está melhor, naquela base da pausa que refresca. Ocorre, no entanto, que a polícia é obrigada a entrar em cena, porque John David, quando entra no banheiro, a fim de exercitar o organismo (a professôra de inglês, interpretada por Angie Dickinson, ficara, durante a aula inteira, roçando o seio no seu olho), encontra uma aluna morta. Numa daa nádegas da vítima, prêso pelo alfinête de um botão, um bilhetinho do criminoso contendo um "bye bye" debochado.
Mas o crime não perturba, nem o comportamento, nem as libações neopagãs instaladas, no colégio, a professôra permanece dando aulas particulares ao rapaz sexualmente inibido, as meninas improvisando tudo, até um madrigal anti-Vietnã, Rock continua passando todas pelas armas. O detettve, vivido por Telly Savalas, por seu turno, não se espanta muito: quer achar o criminoso. E os crimes prosseguem em ritmo de Brasília.
Não é preciso dizer que umas e outras se despem. Que Angie e o guri participam de uma cena cômico-erótica, a coroar o clímax do aprendizado. Enfim, que Vadim, que deveria andar pelos corredores da Metro como peixe em aquário, deu o tom, a visualidade e o ritmo adequado para uma fita de certo merito, além de extremamente divertida.
Última Hora
20/01/1972