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Dia do ajuste de contas

E, a velha, velhíssima história. Aquela do homem que volta da prisão disposto a ferrar quem o delatou. Alguns diretores ainda conseguem, com técnica e imaginação, extrair algo de nove ou de interessante (em matéria de espetáculo) do assunto.
Mas não foi o que aconteceu com Roger Pigaut, neste
Comptes à Rebours. Apesar de alguns recursos e do elenco cheio de nomes conhecidos, ótimos atores, quase tudo é rotina e, até mesmo, displicência. As cenas de tiroteio, por exemplo, são fracas em geral, com exceção (regular) daquela no interior da fábrica de espelhos.
E há o aspecto ético. Sabemos que, há muito tempo, no cinema - ainda não tanto quanto na vida real - o crime vem compensando. Estão aí mesmo Belmondo e quadrilha, escapando, fagueiros, em Os Ladrões. Foi uma vitória contra a hipocrisia censorial. Mas, em O Dia do Ajuste de Contas, o que se assiste desnecessariamente, pois inexiste qualquer aprofundamento de personagens e situações, é a vitória do recalque e da sordidez moral estampados no personagem do espia, vivido por Michel Bouquet. Um contra-happy-ending emendado gratuitamente e que só faz aumentar a sensação de inutilidade e desagrado.
A demonstração mais cabal do mimetismo compulsivo e falta de idéias é aquela invocação visual dos cavalos eufóricos, a simbolizar a liberdade e fuga do asfalto selvagem - muitíssimo manjada, desde, pelo menos, O Segredo das Jóias (The Asphalt Jungle), de John Huston.
O protagonista é interpretado por Serge Reggiant. Não mais é o jovem lépido, fogueiro, bichal, daquele Romeu e Julieta com Annouk Aimée. Enrugado, deformado e às adiposidades não devem denunciar apenas a idade, porém muito, muito uísque. Dois excelentes atores, como Simone Signoret e Charles Vanel, permanecem desperdiçados em papéis pequenos e sem expressão. Jean Désailly finge que está em Comédie Française. Michel Bouquet é o tal do recalque, com um ôlho atravessado por enorme cicatriz. Amidou pouco tem a fazer. E a grande Jeanne Moreau? Bem envelhecida. Mas isto é o de menos. Roger Pigaut consegue o milagre de apresentá-la distante do papel, desinteressante, decorativa. Aliás, o papel era isso mesmo – decorativo - e sabe-se lá por que essa, que foi Eva ou a imortal Kathe, de Jules et Jim, resolveu aceitar a perspectiva medíocre.
Salva-se, no filme; um mínimo de qualidade fotográfica e um certo ABC de continuidade, evitando a monotonia. Além da categoria dos intérpretes, que evitou o mergulho total na inocuidade.

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