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A hora do amor

O diretor Ingmar Bergman, há muito, já se firmou como um dos mais importantes do cinema moderno. Talvez ninguém, tematicamente, haja ido tão longe como ele nas especulaçõessobre a natureza do amor ou a metafísica do eu (o ser "em sendo"); e também, nos ultimo’s tempos, na meditação a repeito da própria ontologia da arte ou criação, o cinema - seus instrumentos - em especial. Ficou famoso, em paralelo, pelos notáveis intérpretes (principalmente do naipe feminino), que forjou e dirigiu.
De início, sua carreira, até
Noites de Circo, apresentava, de um modo geral, o drama das paixões como leitmotiv para suas experiências com elementos da linguagem cinematográfica. (iluminação, enquadramentos, flashes-backs, montagem). A partir de então, foi intensificando a sua perquirição essencial, metafísica, inventiva. até o pleno apogeu de duas realizações com lugar certo na história do cinema, como Persona e A Hora do Lobo, muito bem sucedidas, em nível logo abaixo, por Vergonha e A Paixão de Ana.
A Hora do Amor (The Touoh), que traz a novidade de ser uma fita sua falada em inglês, assinala um retomo da metafísica, das grandes indagações éticas, para o drama, a máscara da fábula em volta dessas questões que sempre preocuparam o cineasta. Um retomo, em termos de carreira de Ingmar Bergman, que consideramos desnecessário acrescentar pouco ao já dito e repetido.
O triângulo - o jogo de paixões sofisticado, intelectualizado, civilizado e, sobretudo, neurotizado. O médico e a mulher estão casados há quinze-anos – dois filhos - vida tranquila na cidade pequena - chega o arqueologo e vem o amor. Toda a complexidade de sentimentos que gera a ilogicidade de conduta e reações está, como de hábito, exposta por Bergman. Algumas coisas são evidentes, por exemplo: ela diz ao amante que este a odeia porque ela própria se odeia. Elementar: o neurótica, sendo uma pessoa que, sob certo aspecto não gosta de si mesmo, logicamente, sob idêntico aspecto, não gostará de quem goste dele. Até ai, o óbvio.
Mas o desfecho, intencionalmente ambiguo, guerreia o óbvio. Voltarão a se amar ou não? Não interessa; interessa, sim, a especulação sobre a carência de comunicabilidade humana.
Bergman mantém a sua linguagem intensamente simbólica (no sentido literário deste termo), a despachar um mundo de alusões (cuja interpretatibilidade pode ser uma ilusão): é a cor, a barba do arqueólogo, uma santa encontrada dentro de uma parede que está sendo devorada pelos bichinhos, a gravidez da protagonista, etc & etc.
Não é preciso frisar que os bergmanianos Bibi Anderson e Max Von Sidow estão ótimos em seus papeis. Mas o filme foi um ensejo para o cineasta demonstrar que Eliott Gould é um excelente ator.

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