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O mensageiro

The go-between obteve o Grande Prêmio do Festival de Cannes, no ano passado, o que serve para demonstrar a alta cotação do diretor Joseph Losey, hoje em dia, em plena voga. Losey foi uma das vítimas, na década de 1950, do fascismo maccartista e enquadrado por um tal Comité de Atividades Anti-Americanas. Teve, inclusive, que dirigir filmes sob pseudônimo. Depois do degelo, voltou com plena carga.
Em nossa opinião, entretanto, ainda não conseguiu realizar uma fita que deixasse a sua marca definitiva no fluxo da história do cinema. Promete, ora aqui, ora ali, mas sempre resta um quê de incompleto, insatisfatório. É requintado, intelectualizado, sabe, muitas vezes, atuar na base do insólito e onde é possível, agita os balangandãs do seu barroquismo. Nenhum filme seu é desinteressante; nenhum, até agora, é decisivo.
O Mensageiro, estribado em roteiro de Harold Pinter, repete a dose do meio termo. Não há como deixar de se encantar por determinadas cenas ou tomadas. Não há como deixar de reconhecer a segurança com que conduziu o elenco e a fixação de ambiência. Porém, não há como evitar a frustração da ausência de um algo mais, que os inovadores sempre proporcionam. Este constitui um filme que Visconti, sem também sair de sua toada tradicional, teria feito melhor, com mais "garra" e lances de catarse.
Iniciação sentimental e erótica de um garoto de 12 anos, em Norfolk - há meio século -, durante as ferias decorridas na mansão aristocrática, onde também o conjunto entrecho-direção pinta a rigidez e o autoritarismo de costumes. O menino-protagonista, de família de classe média, levado para o meio de elite econôrnica, por causa da amizade com um colega de escola, serve de mensageiro para as cartas entre a irmã mais velha do amigo e o vizinho, um fazendeiro algo rústico. Trata-se do tal amor impossível, por causa da diversidade e condição social, e além de tudo, a moça já está prometida a outro etc, etc, etc. O menino é apaixonado pela moça, sofre, aprende e, depois, no presente (a fita é um
flash-back total, entremeado de rápidos flashes da atualidade, 50 anos após), ainda se encontrará (agora, na pele de Michael Redgrave), com ela, a fim de levar uma mensagem de esclarecimento ao neto que descende do amor proibido.
Uma boa foto, excelente nível de interpretações e uma ou outra passagem encantatória não justificam grandes prêmios. Era melhor que tudo tivesse ficado logo melodramatizado por um daqueles
experts do segundo time de Hollywood, em troca de uma montagem mais estimulante, um grand guignol mais feérico. Um destaque para Dominique Guard, ótima revelação de intérprete juvenil e para a veterana Margaret Leighton, no papel da mãe de Julie Christie.

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