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Rio Lobo

O diretor, Howard Hawks, é um veterano do cinema, que, há decênios e decênios, consegue manter-se na linha de frente dos melhores realizadores norte-americanos, graças à sua competência, ao saber adaptar-se, em geral, à perspectiva do espetáculo com um ponto de vista muito pessoal de assinalar o relacionamento de personagens e situações. Soube, em especial, no filme de gangster e no western, conferir aquela aura mitológica à tensão dramática ou, então, talhar a chamada pureza da dicotomia bem x mal. E também, numa vertente inteiramente diversa, fazer brincadeiras de alto coturno com outros filêtes de aventuras, como o safari, no recém-reprisado Hatari, ou desmistificar coisas, como por exemplo, a masculinidade, num filme admirável que foi O Esporte Favorito do Homem (Man's Favourite Sport).
Assim como de John Ford, John Wayne também é um dos seus atôres favoritos e, com êle, na sua última fase, Hawks brilhara em dois westerns: Rio Bravo e Eldorado. Sem falar no mais antigo e muito repetido na televisão, Rio Vermelho.
Agora, infelizmente, com Rio Lôbo, não se pode dizer o mesmo da união Hawks-Wayne. Este último, apesar da classe e simpatia, já em idade quase provecta, mal consegue abrir os olhos direito e consumar gestos mais leves ou enérgicos. O diretor, por seu turno, não teve ocasião de tirar partido do entrecho, faze-lo passar de material verbal- episódico para expressão cinematográfica. O filme permanece como uma espécie de conto literário, penosamente traduzido e reformulado pelo ôlho da câmera - e o ôlho de Hawks sempre fôra privilegiado.
Uma história decorrida ao fim da guerra civil dos Estados Unidos, envolvendo assassinato e traição. Talvez o êrro principal do complexo roteiro-direção haja sido o de insistir naquele tom autocritico, semiburlesco, no tratamento do assunto. A fita perdeu os seus pontos de tensão dramática e ganhou muito pouco em vivacidade. Este é o mal que o filme pioneiro desta linha - O Gavião e a Flexa, de Jacques Torneur - fêz, sem querer, ao exame que viria posteriormente. Pois, ao contrário do que poderia parecer, o arsenal significante de tal tendência esgotou-se com enorme facilidade e ficou - vamos dizer assim - o receio dos cineastas mais intelectualizados de levarem a sério o gênero de aventuras, afinal tão simples e descompromissado em favor de se pensar mais na potencialidade do filme em si e, menos nos motes de metalinguagem. O resultado, aqui, é que (fato raro em Hawks) a obra permanence arrastada em diversas passagens, marcadas pelo diálogo convencionalmcnte construído.
Evidentemente não se pode dizer que Rio Lôbo é um filme inteiramente não-recomemlável. Salvam-no a correção dos planos e, principalmente, a segurança de todos os atores do naipe masculino, muito bem caracterizados. A decepção está em ser de autoria do Howard Hawks, de quem sempre se espera bem mais.

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