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Os maridos

Husbands é um dos melhores estudos do comportamento que o cinema registra. É a capacidade do diretor, John Cassavetes, pegar modalidades de sêres humanos e dissecá-los ao nível da exaustão, dar ao espectador o bafo de sua vivência.
Aqui se trata, basicamente, do bicho masculino, apesar de, em papel pequeno, uma aparição feminina magistral. O filme se inicia com a ida de três amigos ao enterro de um companheiro, após um prefácio onde inúmeras fotografias dos quatro reunidos são apresentadas. Terminado o entêrro, captado e construído, aliás, dentro de uma cinegrafia magistral, resolvem os três se desligar um pouco da rotina e dos deveres cotidianos e conjugais. Daí por diante, a toada do entrecho é quase a do pileque permanente, a começar por uma cena extremamente longa e muito bem elaborada de bebedeira na base do chope até a parte final em Londres, da farra continua. No desfecho, um fica e só sobram dois, no retôrno melancólico ao lar.


CAMARADAGEM

O que o filme examina a fundo, de certo modo, é uma coisa que a mulher e os demais sexos ignoram, sendo própria do homem: a camaradagem, verdade que, aqui, já sustentada na amizade profunda entre os três protagonistas. A escolha dos personagens buscou ao máximo uma tipicidade mental e social da classe media urbana americana. O
plain guy puro: nem intelectual, nem bonzo ou a anormalidade. Em suma, aquêle estar de pequenos problemas vivenciais, debatido num jôgo realista de diálogo, em ritmo fragmentado.
Outra coisa típica do estar masculino, que o cinmsta faz aflorar com bastante sensibilidade: o eterno complexo de Peter Pan, aquêle saudosismo da juventude alimentando naturalmente o saudável e dionisíaco culto da irresponsabilidade. O filme é bastante dialogado mas nada possui de teatral, porque tudo se resolve no contexto geral dos elementos acionados. E mostra-se também eficaz, porque os conceitos de Cassavetes emergem do processo de linguagem e nunca de frases "estratégicas".
A conduta do elenco é notável e constitui um dos pontos principais de apoio ao êxito do espetáculo. A começar pelo próprio John Cassavetes, que compõe o seu Gus com incrível sinceridade, dá um tom convincente e humano às reações com precisa autenticidade. Peter Falk, outro grande ator, toca tôdas as cordas de Archie - inimitável na. cena do pileque e no banheiro. Ben Gazzara completa o trio - embora não repita o nivel dos dois companheiros, talvez por haver estilizado um pouco o seu Harry, consegue manter a unidade do concerto até o desfecho.

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