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Caprichos de uma deusa do amor

Até agora ninguém entendeu êste título longo, folhetinesco, superpop, dado, em português, a Scacco alla Regina. Trata-se de mais uma incursão do diretor Pasquale Festa Campanile, um dos mais ativos na área comercial italiana, com realizações como O Mando é das Mulheres, Uma Virgem para o Príncipe, Adultério à Italiana ou o Cinturão da Castidade.
O cinema sempre foi um campo atraente para a experimentação do onirismo ou tudo que pelas fronteiras do inconsciente, permita exercícios rítmicos-visuais com a subjetividade alucinatóna. Desde a época do expressionismo ou da avant-garde francesa, fizeram-se inúmeras coisas em torno desse motivo. Agora, nas mãos de Campanile, ressurge inteiramente sem ideias e sem inspirações.

ESCRAVIDÃO


Em linhas gerais, o argumento, baseado em romance de Renato Ghiotto, diz respeito a uma mulher (interpretada por Haydée Politoff) que vai trabalhar como dama de companhia de uma atriz famosa (Rossana Schiaffino, ainda uma das maiores belezas do cinema italiano) e a esta se submete inteiramente, nos menores caprichos, como uma espécie de inversão, isto é, a escolha da escravidão como forma de libertação de outros problemas ou fuga de enfrentar a incapacidade de conviver com a realidade. A submissa atende a tôdas as extravagâncias da ama, desde a permitir que descanse os pés em suas costas até aquela cena, onde, banhada em gêsso, posa de estátua no parque da mansão, causando espanto aos convidados de uma festa ao ar livre. Acaba por revelar a sua fixação lésbica na patroa, que, então, noutra noitada, a expõe e vende como escrava, num leilão realizado entre os convivas.
Tudo isso, nem é surreansta, nem convencionalmente estruturado. Os acontecimentos se desenrolam sem qualquer modalidade de aprofundamento psicológico ou toque instigante do diretor que, pelo visto, no meio da empreitada, arrependeu-se do filme que estava fazendo.
A técnica de transposição do mundo real para o dos pensamentos insólitos da protagonista é das mais surradas e precárias: a câmara avança até ficar em close diante do rosto dela e, logo em seguida, emergem as imagens desvairadas. O que há de processo de autopunição sequer deve ter permanecido no papel do roteiro. A obra não se define e fica a sensação de inutilidade.
No varejo, contando pontos a favor, anota-se a presença de Rossana, um certo esmero na fotografia e no décor e algo de leveza no espetáculo, que nao chega a ser, de todo, cansativo. Quanto a Haydée Politoff, frise-se que raras vêzes alguém se despiu tantas vêzes em pouco menos de duas horas de projeção.

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