Next Stop, Greenwich Village, de Paul Mazursky, reaparece em cópia algo deteriorada. Mas merece ser visto.
O protagonista sai do lar, em Brooklyn, sob os protestos da mãe (muito possessiva) e resolve morar em Greenwich Village, pois tem vocações artísticas, quer abraçar o teatro. Lá chegando, forma sua curriola, onde, além da namorada, figuram um poeta, um negro homossexual, etc. O filme, a rigor, não apresenta uma história inteiramente definida. Fica entre isso e uma espécie de superposição de tableaux – em suma, um mosaico de situações. São os ensaios de teatro, as reuniões nos bares, as festinhas, a patota – todos de mãos dadas, saltitando na rua, como se estivesse regida por Gene Kelly – e outras coisas a mais.
Cenas da vida boêmia, em Nova Iorque, na década de 50, sob o governo Eisenhower. Neste sentido, Próxima Parada, Bairro Boêmio, lembra até, em outro tom, o espírito de O Boulevard do Crime (Les Enfants du Paradis), de Marcel Carné, um dos grandes filmes de todos os tempos, há pouco reprisado.
E, por coincidência, a figura do intérprete principal, Lenny Baker, faz lembrar Jean-Louis Barrault. Justamente aí, em um espetáculo que se desenvolve com leveza, está o ponto alto: a homogeneidade do elenco. Mas a veterana Shelley Winters, de outras atuações inesquecíveis, leva a palma, no papel da mãe de Lenny. Fantástico: o momento em que ela dá o seu plá diante da platéia de alunos de teatro.
Jornal do Brasil
04/08/1978