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O grande Caruso

Em 1951, época de lançamento de O Grande Caruso (The Great Caruso), o produtor Joe Pasternak e o diretor Richard Thorpe estavam na linha de frente nas superproduções da Metro, que visavam ao êxito imediato de bilheteria. , Ainda não havia ctnemascope, era uma fase de sound and colour, significando dólares. Apesar das intenções comerciais, muitos críticos, então, caíam no êrro, dada a tendência intelectualista e literária de "desprezar" as malditas superproduções com falta de "conteúdo" (êste seria um privilégio europeu). O tempo se encarregou de corrigir muita coisa: dada a parafernália administrativa, muitos dêsses filmes, hoje, resistem mais no plano estético do que pretensas obras-primas intimistas ou fincadas apenas nas boas idéias.
Caruso, sem dúvida, era um tema, tinha appeal para btlheteria. De origem humilde, nascido em Nápoles a 25 de fevereiro de 1873 e morto nessa mesma cidade (a cidade da canção napolitana), em 2 de agôsto de 1921, aos 48 anos, tinha se transformado no maior e mais famoso tenor do mundo. Só no Metropolitan Opera House, em cuja companhia ingressou desde a primeira década do século, registrou mais de 600 aparições em cena, havendo protagonizado mais de 40 óperas. Para interpretá-lo, física e vocalmente, foram convocar o tenor Mario Lanza, que já havia surgido em outra produção da Metro, ao lado de Kathryn Grayson, Aquêle Beijo à Meia-Noite. Este foi o êrro inicial que, se apenas em parte sacrificou a bilheteria, atingiu exatamente a parte mais exigente e informada do público. Mario Lanza, cujo verdadeiro nome era Alfred Arnold Cocoza, nascido em Nova York em 1921 (por coincidência o ano do falecimento de Caruso) e também morto nessa capital, em 1959, ria muito, fazia bastante espalhafato cênico e vocal, mas era um cantor de terceiro time - tanto assim que, por exemplo, o dicionário de ópera da Oxford desconhece a sua existência, apesar da fama cinematográfica. Os aparelhos de som da Metro se encarregavam de dar volume, altura e extensão as emissões vocais de Lanza, mas onde o timbre, o registro, enfim qualquer semelhança artística com o biografado? Mais inteligente foi uma produção italiana do mesmo ano, 1951, Caruso, Lenda de uma Voz (Caruso, Leggenda di una Vocce), dirigida por Giacomo Gentilomo, onde aparece Gina Lolobrigida, na fase inicial de sua carreira, e onde o protagonista, Ermano Randi, é dublado pela voz de Mario Del Monaco - êste sim, um excelente tenor e que apareceu em pessoa no cinema, em realizações como O Homem da Luva Cinzenta.
O melhor, em suma, teria sido dublar um ator com o físico adequado ao papel, dentro do possível, com a voz do próprio Caruso – a maior fidelidade documental aliada às modernas técnicas de regravação. De qualquer forma, resta o suporte administrativo a serviço do espetáculo, garantindo que, vinte anos depois, e em projeção de 70 milímetros, O Grande Caruso seja perfeitamente assistível, como recreação. Há gôsto e imponência em determinadas sequências e o restante do elenco (a simpática Ann Blytth faz o papel de Dorothy Caruso) funciona a contento em torno dos arroubos canastrônicos de Lanza.

Correio da Manhã
01/03/1971

 
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