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Cultura e vazio

Mais uma etapa para o esvaziamento (que não é só econômico) cultural da Guanabara vem de ser formulada pelo presidente do Instituto Nacional de Cinema, que, ao responsabilizar pelo fato o atual Governo do Estado, deixa concretizada a ameaça de não realização do Festival Internacional do Filme, uma iniciativa que já demonstrara êxito pleno, tanto da primeira vez, em 1965, como da segunda, em 1969. Estamos diante do velho, prosaico e burocrático tema do trânsito de verbas, gerador de muitos kafkismos, muito faquirismo administrativo e que, no momento, funda seu pretexto na passagem de um govêrno para outro.
Acontece, no entanto, que à FIAPF - o órgão internacional que regulariza a realização de festivais de cinema e que havia reservado, não apenas prestígio, mas uma escala de continuidade para o nosso FIF - não tem tempo nem ingerência para saber porque, aqui no Brasil, após mútuo entendimento, uma autoridade assina um convênio e outra, em cima da hora, recusa-se a assiná-lo. Constatará, meramente, a imagem de um país pouco seguro em compromissos e garantias no assunto e voltar-se-á, para outros, prontos a assumirem o encargo ou, na melhor das hipóteses, que continuará sendo a pior para o esvaziado Rio de Janeiro, o aceno de São Paulo, que não pode, nem quer parar.
É a ameaça de um adeus a longo prazo à realização de festivais internacionais de cinema na Guanabara, embora, por ironia, aqui é que se situa a "cidade maravilhosa"; e, mais ainda aqui é que será construído o aeropôrto superssônico, depois de uma batalha politica e legislativa, onde também estiveram envolvidos os interêsses do mesmo São Paulo e de Brasília. A Guanabara, que também está acabando de remodelar e urbanizar a Avenida Atlântica, logo ali, à beira da sede do festival...
Se os festivais anteriores tivessem sido marcados pelo fracasso, pelo desintetêsse dos convidados, pelo descaso do público, o argumento em prol do ato de cancelar o próximo poderia ser válido, embora nunca definitivo. Mas, pelo contrário, houve sucesso, as portas dos cinemas exibidores do FIF tiveram que se socorrer de polícia e cordões de isolamento a fim de conter o público, muitas personalidades convidadas em 1965 fizeram questão de manifestar seu desejo de retornar ao Rio de Janeiro e o realizaram, como, por exemplo, é o caso do grande cineasta, Fritz Lang, ou da famosa ensaísta, Lotte Eisner. Enfim, o próprio e atual presidente do INC, que, com seu entusiasmo permanente, participou da organização do 2º FIF, realizado em 1969, como membro da comissão de seleção de fitas estrangeiras, deve sentir, logo agora, que tem uma grande parcela de responsabilidade nas mãos, a amarga (para não dizer incrível) decepção.
Por isso, é necessário sair-se de um "nada feito" intempestivo para a luta da cultura contra o vazio. Como se fêz, êste ano, e em contradição com a atitude oficial para com o FIF, ao se reconstruir o Maracanãzinho em tempo recorde para o festival da canção. Muito menos requer o cinema; ou o nosso raquítico turismo, sob a iminência de outro golpe mortal.

Correio da Manhã
06/12/1970

 
Uma Odisséia de Kubrick
Revista Leitura 30/11/-1

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O tempo e o espaço do cinema
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Jornal do Brasil 17/03/1957

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Ingmar Bergman - V
Jornal do Brasil 24/03/1957

Ingmar Bergman - VI (conclusão)
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