Em matéria de estréias...
Em matéria de estréias, uma semana das mais fracas. Poucos filmes, a maioria sem despertar grande interêsse. Motivo para isso é a permanência em cartaz de algumas fitas de atração, como Repulsion, O Bebê de Rosemary, Histórias Extraordinárias, Longe Dêste Insensato Mundo e reprises, como Spartacus e Ben-Hur. Desde quinta-feira, já entraram em cartaz A Mulher de Pequim, no Paissandu (espionagem internacional, com Mireille Dare e Edward G. Robinson) e o Último Safari, no São Luiz, caçadas comandadas por Stewart Granger (que já teve dias e oportunidades melhores) e dirigidas pelo excelente Henry Hathaway, aqui apenas assinando o ponto.
O melhor lançamento da semana deverá ser A Lenda de Lylah Clare, protagonizado por Kim Novak, ainda em boa forma (física). É mais um filme de Robert Aldrich, que depois de haver sido um dos melhores cineastas americanos, veio de queda em queda. A seguir, Como Roubar a Mona Lisa, reúne Marina Vlady e George Chakiris (aquêle que dançou sob a batuta de Jerome Robbins e de Robert Wise, em Westside Story), uma realização de Michel Deville, que já consumou algumas coisas chatas, porém inventivas no detalhe e interessantes. Já Encontro Fatal em Lisboa, dirigido pelo veterano David Miller, é protagonizado por Vince Edwards, quando pode, um bom atar. Promete sôcos, beijos e viagens. Em Fúria Selvagem teremos bandidos e índios (parece, agora, que como vítimas), numa fita que reúne alguns atôres conhecidos, como o veterano Rod Cameron, o francês Pierre Brice (protagonista de O Batom, de Damiano Damiani) e Nadia Gray, também de velhos carnavais europeus, com exceção do strip-tease que fêz para o clássico La Dolce Vita, de Fellini. Em contraposição teremos bandidos e mocinhos mesmo - no westem, sem pátria, Vivo pela tua Morte, dirigido por um tal de Alex Burks e com o troiano Steve Reeves no papel principal. Pouco se pode dizer sôbre a nova Luana, Filha da Floresta.
No Alaska, será reprisado Gangster de Casaca, de Henri Verneuil, com Alain Delon, Jean Gabin e Viviane Romance. E, para quem quiser se despedir de Oito e Meio, de Fellini, em última exibição no País, cabe ir hoje, às 21h, no Ginásio da PUC, numa apresentação do Centro de Artes Cinematográficas, com ingressos adquiridos no local.
A LENDA DE LYLAH CLARE
(The Legend of Lylah Clare)
Kim Novak é Lylah. Acompanham-na, de perto, Peter Finch, Ernest Bognine e Rossela Falk. Robert Aldrich, depois de fitas como Bronco Apache, Kiss Me Deadly; The Big Knife e Attack, dava a impressão de que viria a se tornar um dos grandes do cinema americano, mas começou a decair seriamente. Há esperanças, todavia, nesta fita, que, só pelo trailer, parece evidenciar a boa administração, a eficiente fotografia do veterano Joseph Biroc. Mais uma vez, assim como em The Big Knife, Aldrich tenta esmiuçar o mundo de Hollywood, os bastidores da tela. Dificilmente, em têrmos de impacto para denúncia, obterá resultado idêntico a The Big Knife (A Grande Chantagem), mas, lembrando o admirável (visualmente) Jeanne Eagels (tema idêntico: liquidação de uma atriz peJo meio), vivido pela mesma Kim, dirigido por George Sidney e fotografado magistralmente por Robert Plank, restam chances de uma recuperação. A partir de quinta-feira: Metros Copa e Tijuca, Pax, Pathé, Mauá, Drive-ln.
COMO ROUBAR A MONA LISA
(Il Ladro della Gioconda)
Produção ítalo-francesa, dirigida por Michel Deville, que já dirigiu a protagonista, Marina Vlady, em La Menteuse, assim como já filmou Ana Karina e Claude Rich, numa obra realmente interessante na época, Ce Soir ou Jamais (Agora ou Nunca). O título da produção já evidencia o assunto: roubo do célebre quadro de Leonardo. Resta saber como Deville conduziu o entrecho em eastman color e totalscope. Pode ser interessante. Amanhã; no Ricamar, Copacabana e nos ArtPalácios da Tijuca, Méier e Madureira.
ENCONTRO FATAL EM LISBOA
(Hammerhead)
Espionagem: um colecionador de arte erótica é também criminoso e quer furtar um relatório de defesa nuclear. Vince Edwards vai a Lisboa atrás dêle, instalado ali, em seu iate-título (Hammerhead). O diretor David Miller é veterano e iniciou-se com o Billy the Kid, de Robert Taylor. A correria e as mulheres podem ser agradáveis. Amanhã, no Capitólio, Rian, América e Imperator.
TROVÕES NA FRONTEIRA
(Thunder at the Border)
Vários índios se reúnem (entre êles o famoso chefe apache, Winnetoli, celebrizado por Karl May), a fim de defender um povoado sob as garras do vilão branco. Tiros e flechas. O diretor chama-se Alfred Vohrer. Além do cinema em si, não sabemos ainda quem ficou entre os mortos e feridos. Amanhã, no Rex,
VIVO PELA TUA MORTE
(A Long Ride from Hell)
O título em português é novelesco. Na fita, em matéria de produção e de ficha técnica; ninguém é de ninguém. Um homem quer vingar a morte do irmão; daí, tiros. Amanhã no Condor Copacabana, Plaza, Olinda e Mascote.
(Luana)
LUANA, A RAINHA DA FLORESTA VIRGEM
O nome Luana não nos é estranho – já deve ter havido outra luanice no gênero. Já o diretor Bob Raymond é completamente estranho, assim como a maioria dos intérpretes. A fita é somente proibida até 14 anos, o que indica que nem sequer existirão cenas de nudismo para premiar os mais afoitos. Amanhã, no Azteca, Flórida e pelo Estado do Rio afora.
Correio da Manhã
13/04/1969